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Mais de 30 mil mortes no mundo

O balanço, que inclui óbitos desde dezembro, mostra também que a quantidade de infectados passa dos 640 mil em 183 países. Os números, porém, devem ser ainda maiores, por causa das diferentes políticas adotadas pelas nações para diagnosticar os casos

O novo coronavírus já causou mais de 30 mil mortes (30.003) em todo o mundo desde dezembro, de acordo com balanço da Agência France Press (AFP) com base em fontes oficiais até as 19h de ontem. Desde o início da epidemia, mais de 640.770 casos de contágio foram registrados em 183 países ou territórios. O número de positivos, no entanto, reflete apenas uma parte da quantidade total de infecções, devido às diferentes políticas adotadas pelos países para diagnosticar os casos. Alguns testam somente pessoas que precisam de hospitalização.


De sexta até ontem, houve 3.417 novas mortes e 68.734 infecções em todo o mundo. Nesse mesmo período, os países que registraram mais mortes foram Itália, com 889; Espanha, com 832; e Estados Unidos, com 453.


O número de mortos na Itália, que registrou seu primeiro óbito ligado ao vírus no fim de fevereiro, é de 10.023. O país já registrou 92.472 infecções. Desde ontem, 889 mortes e 5.974 testes positivos foram registrados. Autoridades italianas consideram que 12.384 pessoas se curaram.


Depois da Itália, os países mais afetados são Espanha, com 5.690 mortes e 72.248 casos; China continental, com 3.295 óbitos (81.394 casos); Irã, com 2.517 mortes (35.408 casos); e França, com 2.314 óbitos(37.575 casos).


A China continental (sem contar Hong Kong e Macau), onde a epidemia eclodiu no fim de dezembro, registra um total de 81.394 infectados, dos quais 3.295 morreram e 74.971 ficaram completamente curados. Nas últimas 24 horas, foram registrados 54 novos casos e três mortes.
Os Estados Unidos são o país com mais atingidos pela doença — somam 115.547, dos quais 1.891 mortos e 921 curados. Nas últimas 24 horas, Brunei, Togo, Catar, Sri Lanka e Jordânia anunciaram as primeiras mortes pela doença.


O balanço foi feito com base nos dados das autoridades nacionais, compilados pelos escritórios da AFP e com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Saques
Na Itália, o índice de contágio está em queda: +8,3% na quinta-feira, 7,4% na sexta-feira e 6,9% ontem. Na Lombardia, a região mais afetada, com quase 40 mil casos e perto de 6 mil mortes, o número de pessoas hospitalizadas com sintomas permaneceu quase estável: 11.152 casos (mais 15 em 24 horas), bem como o de pacientes em terapia intensiva (1.319, mais 27 em 24h).


“Em nossos hospitais, começamos a respirar com algum alívio, pequeno, mas um alívio. Em todos os serviços de emergência, registramos uma redução (na chegada de pacientes), em alguns é leve, em outros, mais acentuado”, disse Giulio Gallera, secretário de Saúde da Lombardia.


O premier da Itália, Giuseppe Conte, anunciou que o governo vai distribuir bônus alimentares às pessoas especialmente afetadas pela interrupção da atividade econômica. A declaração foi feita depois que a polícia teve de mobilizar agentes para vigiar supermercados na Sicília por conta de saques, também registrados no sul do país.


O governo desbloqueou uma verba de 400 milhões de euros “destinada aos municípios, que deverão distribuí-la entre as pessoas que não tiverem dinheiro para se alimentar”, informou o premier, durante entrevista coletiva no Palácio Chigi, em Roma. “Isso permitirá emitir bônus alimentares.”


“Temos de construir uma rede de solidariedade, ninguém será deixado à própria sorte”, prometeu Conte. “Nosso objetivo é garantir liquidez às famílias, empresas e pessoas que trabalham.”

Vulneráveis

No Mezzogiorno, sul empobrecido da península, milhões de pessoas vivem do trabalho informal, que não é declarado à Fazenda. Essa população é especialmente vulnerável neste momento, por não poder se beneficiar das medidas tomadas pelo governo italiano para compensar a queda na renda dos trabalhadores.
Depois de quase três semanas de confinamento, parte da população não tem como se alimentar. O Corriere della Sera, que citou uma possível “bomba social”, afirmou que a polícia vigia as redes sociais e grupos de conversa em que poderiam ser organizadas operações de saque de lojas. “Temo que a preocupação que cresce entre vários setores da população, com saúde, renda e o futuro, acabe se transformando em raiva se a crise se prolongar”, declarou ao La Repubblica Giuseppe Provenzano, ministro de Coesão Social, encarregado do sul do país.