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Mundo tem mais de 40% da população confinada

Por determinação das autoridades ou voluntariamente, mais de 3,38 bilhões de pessoas estão em isolamento social, uma das medidas para evitar maior proliferação da Covid-19. Número de mortos no planeta supera os 33 mil, e casos confirmados são quase 700 mil

Correio Braziliense
postado em 30/03/2020 04:24
Enterro em Madri: a Espanha registrou, nas últimas 24 horas, 838 mortes, novo recorde diário, e país soma um total de 6.528 óbitos


Mais de 3,38 bilhões de pessoas em quase 80 países ou territórios estão confinadas em suas casas, por decreto ou voluntariamente, para lutar contra a Covid-19, segundo um balanço elaborado, ontem, a partir de uma base de dados da AFP. O número representa quase 43% da população mundial, que a Organização das Nações Unidas calcula em 7,79 bilhões de indivíduos em 2020.

A província chinesa de Hubei e sua capital, Wuhan, origem da epidemia, foram as primeiras a adotar o confinamento, no fim de janeiro. E enquanto essas áreas começam a retomar a vida normal de forma progressiva, após dois meses de isolamento, as mesmas medidas de quarentena aplicadas pela China foram adotadas ao redor do mundo nas últimas semanas.
Mais de 500 milhões de pessoas estavam afetadas por esse tipo de restrição em 18 de março, mais de um bilhão no dia 23, mais de dois bilhões no dia seguinte e mais de três bilhões, em 25 de março. Ontem, ao menos 3,381 bilhões de pessoas de pelo menos 78 países e territórios permaneciam em suas casas. A maioria — ao menos 2,45 bilhões de habitantes de 42 nações e territórios — estava obrigada a seguir a medida.

Nenhuma região do planeta escapa desse tipo de medida: Europa (Reino Unido, França, Itália, Espanha, entre outros), Ásia (Índia, Nepal, Sri Lanka…), Oriente Médio (Iraque, Jordânia, Líbano, Israel…), África (África do Sul, Marrocos, Madagascar, Ruanda…), América (Colômbia, Argentina, Peru, grande parte dos Estados Unidos…) e Oceania (Nova Zelândia). Congo-Brazzaville e duas regiões de Gana se unirão à lista neste início de semana.

Na maioria dos casos, ainda é possível sair de casa para trabalhar, comprar produtos de primeira necessidade ou receber atendimento médico. Outros territórios (ao menos nove, nos quais moram 511 milhões de habitantes) pediram à população que permaneça em casa, mas sem adotar medidas coercitivas. Esse é o caso da Rússia, dos principais estados do Brasil, do Irã, da Alemanha e de Uganda.

Ao menos outros 21 países e territórios (onde residem 384 milhões de habitantes) anunciaram toques de recolher e proibiram os deslocamentos ao fim da tarde e durante a noite. A medida foi amplamente adotada na África (Egito, Quênia, Costa do Marfim, Burkina Faso, Mali, Senegal, Serra Leoa, Mauritânia, Gabão) e na América Latina (Chile, Equador, República Dominicana, Panamá, Porto Rico). Outras partes do mundo, como Arábia Saudita, Sérvia ou a capital das Filipinas, Manila, também anunciaram o toque de recolher.

Por fim, sete países colocaram em quarentena suas principais cidades, proibindo entradas e saídas. Casos de Kinshasa (República Democrática do Congo), Riad, Medina e Meca (Arábia Saudita), Helsinque (Finlândia) ou Baku (Azerbaijão). Nessas cidades vivem mais de 30 milhões de pessoas.

Tragédia
O novo coronavírus causou pelo menos 33.244 mortes em todo o mundo desde que surgiu em dezembro, até as 16h de ontem. Do início da pandemia para cá, são mais de 697.750 casos confirmados da infecção em 183 países ou territórios.

Nas últimas 24 horas, os países que registraram mais mortes foram Espanha, com novo recorde, de 838 óbitos (contra 832, de sexta para sábado); Itália (756) e Estados Unidos (460). Em território italiano, 10.779 pessoas já perderam a vida. O país registrou 97.689 infecções. As autoridades italianas consideram que 13.030 habitantes foram curados.

As outras nações mais afetadas são Espanha com 6.528 mortes e 78.747 casos; China continental com 3.300 óbitos (81.439 confirmados); Irã, com 2.640 mortes (38.309 casos) e França, com 2.606 óbitos (40.174 positivos).

A China continental (sem contar Hong Kong e Macau) tem um total de 81.439 infectados, dos quais 3.300 morreram e 75.448 foram curados. Nas últimas 24 horas, foram registrados 45 novos casos e cinco óbitos. Desde sábado, Uruguai, Síria, Bolívia, Mali e Nova Zelândia anunciaram as primeiras mortes ligadas ao novo coronavírus.




Papa apela por cessar-fogo global

O papa Francisco expressou apoio, ontem, ao apelo da ONU por um cessar-fogo imediato em todos os conflitos do mundo, com o objetivo de proteger os civis mais vulneráveis da pandemia do novo coronavírus. “Queridos irmãos e irmãs, o secretário-geral da ONU fez, nos últimos dias, um apelo a favor de um cessar-fogo global e imediato em todos os cantos do mundo devido à crise atual da Covid-19, que não conhece fronteira”, disse o pontífice, após a oração dominical do Angelus, que ele rezou na biblioteca do palácio apostólico e não da varanda da Praça de São Pedro. “Uno-me aos que aceitaram este pedido e convido a todos que o acompanhem, detendo toda forma de hostilidades bélicas, fomentando a criação de corredores para ajuda humanitária, a abertura à diplomacia, a atenção aos que se encontram em situações de grande vulnerabilidade.” No sábado, o Vaticano anunciou a existência de seis casos da doença entre seus funcionários, mas destacou que nem o papa nem seus colaboradores mais próximos estavam infectados.


Reduções na Itália
A progressão do coronavírus na Itália continuou a desacelerar timidamente, pelo terceiro dia consecutivo, de acordo com o último balanço oficial. Nas últimas 24 horas, foram 756 mortes, contra 889, no sábado, e 919, na sexta. O número de novos casos positivos (5.217) caiu 5,6% nesse período. Essa queda foi de 6,9% no sábado e de 7,4% na sexta-feira. Outro sinal positivo: o número de pessoas hospitalizadas com sintomas aumentou pouco (710, de um total de 27.386), bem como o número de pacientes em terapia intensiva (50, para um total de 3.906). A mesma tendência foi registrada na Lombardia (norte), a região mais afetada, onde o número de pessoas em terapia intensiva passou para 1.328 (acréscimo de nove).


Em Moscou, mais rigor

Os moscovitas ficarão sob rigoroso confinamento a partir de hoje. O anúncio foi feito, ontem, pelo prefeito da capital russa, Sergéi Sobyanin. Os habitantes só poderão sair de casa se houver uma emergência médica, para trabalhar, se necessário, comprar mantimentos ou ir a farmácias. A medida soma-se às já aplicadas em âmbito nacional. Desde quinta-feira, os idosos são proibidos de sair de casa e, desde sábado, restaurantes e lojas estão fechadas. Na quarta-feira, o presidente do país, Vladimir Putin, também pediu aos russos que fiquem em casa e decretou uma semana de folga remunerada aos trabalhadores. A nação fechará completamente as fronteiras a partir de hoje.


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