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Argentina amplia quarentena

Presidente Alberto Fernández estende o isolamento obrigatório até 12 de abril, desqualifica %u201Cfalso dilema entre saúde e economia%u201D e comemora resultados no combate à Covid-19. Distanciamento social é cumprido por 90% da população

Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 04:04
Policial solitário vigia a entrada do Caminito, local turístico no bairro de La Boca, em Buenos Aires




O presidente da Argentina, Alberto Fernández, decidiu ampliar o isolamento obrigatório até  12 de abril. O governo considera que a medida cumpre com o objetivo de atenuar a propagação do novo coronavírus. Desde o início de março, a Covid-19 deixou 820 infectados e provocou 20 mortes no país. “A decisão que adotamos é prolongar a quarentena até o dia em que termina a Semana Santa, por recomendação dos especialistas, para seguir controlando a transmissão (da Covid-19)”, no 10º dia de um confinamento cumprido por 90% da população, afirmou Fernández em discurso na residência oficial de Olivos, ao norte de Buenos Aires.

Fernández disse que o governo levou ao pé da letra a recomendação de um comitê formado por médicos, sanitaristas e epidemiologistas. “Os argentinos devem estar felizes com os resultados que registramos”, completou, em referência à medida que deixou o país parcialmente paralisado. A Argentina fechou todas as fronteiras e somente atividades essenciais são permitidas em seu território, como produção e venda de alimentos, produtos de limpeza e medicamentos, além de serviços de saúde e segurança, entre algumas outras, exercidas por 10% da população.
 
Ninguém pode circular em veículos sem permissão especial, e os cidadãos somente têm autorização para deixar suas casas a fim de comprar alimentos ou remédios em locais próximos. “Um número baixo de pessoas não cumpriu (o isolamento) e, como alertamos, terminou pagando com processos penais”, comentou o presidente. “Não temos que cair no falso dilema da saúde ou economia”, completou, antes de destacar que está disposto a enfrentar o custo social da medida, que até o momento tem forte apoio da população.

Consequências

Em uma nação de 44 milhões de habitantes, o isolamento provocou uma desaceleração da atividade econômica, com duro impacto na sociedade, o que o governo tentou atenuar nos últimos 10 dias com valores milionários de subsídios, salários adicionais e créditos. Enquanto isso, para aliviar a paralisia e o sofrimento econômico de muitos argentinos, o presidente decretou, no domingo, a suspensão dos despejos por 180 dias e a proibição do aumento no valor de aluguéis e de parcelas de empréstimos hipotecários.

“É uma guerra contra um exército invisível que nos ataca em lugares onde às vezes não o esperamos. É chocante a velocidade com que o vírus cresce. Com a quarentena, procuramos tempo para nos preparar e fornecer suprimentos”, justificou o presidente argentino. Ao destacar que o modelo escolhido pela Argentina foi elogiado por entidades internacionais, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Fenández disse que a luta contra a pandemia deve resultar “em um ensinamento de que a humanidade não deve ser tão infeliz e tão egoísta com os que foram esquecidos para o desenvolvimento”.


Blindagem sul-americana 

Medidas tomadas por países da região para enfrentar a pandemia

Bolívia
» Impôs quarentena total até 5 de abril. Só podem transitar veículos autorizados para transportar trabalhadores de fábricas ou que atendam pessoal sanitário e jornalistas. Fechou fronteiras a cidadãos bolivianos e proibiu a circulação de pessoas até 15 de abril.


Brasil
» Com 159 mortes e 4.579 infectados, fechou as fronteiras terrestres e proibiu o acesso a cidadãos de grande parte da Europa e da Ásia. Governo anunciou plano de ajuda econômica de US$ 30 bilhões nos próximos três meses, principalmente para setores 
mais pobres.

Colômbia
» O país contabilizou 13 mortes provocadas pelo coronavírus — três foram confirmadas ontem. Até o fechamento desta edição, 798 casos tinham sido registrados. Ontem, o Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha reconhecida na Colômbia, anunciou cessar-fogo de um mês em razão da pandemia. A Colômbia fechou as fronteiras terrestres, marítimas e fluviais.
 
Equador
» Depois do Brasil, é a nação sul-americana que apresenta mais mortes de Covid-19 na América do Sul: são 1.962 infectados e 60 óbitos (dados atualizados às 15h de ontem). O governo estendeu até 5 de abril a suspensão do trabalho presencial e decidiu manter o toque de recolher entre 14h e 5h da manhã. Também fechou fronteiras, à exceção para o comércio.

Chile
» Com 2.449 casos e oito mortes, o país assiste a um debate polêmico: entregar ou não a prefeitos as identidades de pacientes com Covid-19. Impôs quarentena total para os 1,3 milhão de moradores de sete áreas de Santiago por uma semana, além de toque de recolher noturno.

Uruguai
» Fechou fronteiras a estrangeiros, com exceção dos residentes, cidadãos do Mercosul em trânsito ou beneficiários de um corredor sanitário. Impôs quarentena obrigatória de 14 dias a pessoas vindas de países considerados de risco. Suspendeu aulas, shows, missas, velórios e casamentos 
com convidados.
 

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