Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 07:07
O Parlamento da Hungria aprovou ontem um projeto de lei que dá poderes extraordinários ao primeiro-ministro, Viktor Orban, durante a pandemia de coronavÃrus. A lei permite ao premiê ampliar indefinidamente o estado de emergência, vigente desde o dia 11, sem necessidade de aprovação dos deputados.
O projeto foi aprovado com o apoio do partido Fidesz, de Orban, por 137 votos a 53. A proposta precisava de 133 votos para a aprovação e foi criticada pelos partidos de oposição, instituições internacionais e grupos de defesa dos direitos civis, por não definir uma data de validade para a capacidade de Orban governar por decreto.
O projeto inclui também medidas contra notÃcias falsas, que provocaram preocupação de que a lei seja usada para pressionar e amordaçar a imprensa independente. Há a previsão de cinco anos de prisão para quem divulgar "fake news" sobre o vÃrus ou a respeito das medidas do governo.
CrÃticas
"As medidas extraordinárias estão relacionadas à pandemia, sua prevenção, sua eliminação e consequências econômicas prejudiciais", disse Csaba Domotor, vice-ministro de Orban. "Um prazo não pode ser declarado nessa situação. Quem pode dizer para quantos meses de luta temos de nos preparar?", questionou.
"Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para deter a propagação do vÃrus. O projeto de lei se encaixa perfeitamente no âmbito constitucional húngaro", defendeu a ministra da Justiça, Judit Varga, pouco antes da votação.
Os parlamentares da oposição disseram que estavam dispostos a dar ao governo os poderes solicitados, mas somente se fosse por um determinado perÃodo, com a possibilidade de prorrogação.
Ontem, o Conselho da Europa afirmou que "um estado de emergência de prazo indeterminado não pode garantir o respeito aos princÃpios fundamentais da democracia". Para o deputado independente Akos Hadhazy, a lei é "uma armadilha para a oposição", acusada pelo governo de estar "do lado do vÃrus".
O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que "acompanha os acontecimentos polÃticos na Hungria com preocupação". O paÃs tem, segundo dados oficiais, apenas 447 pessoas infectadas e 15 mortes pela covid-19. (Agências Internacionais)
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