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Pandemia de coronavírus vai piorar nas Américas, diz Opas

Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, defende dois pilares para combater a propagação da Covid-19: solidariedade e evidências científicas

Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 17:13
Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, defende dois pilares para combater a propagação da Covid-19: solidariedade e evidências científicasEm videoconferência para vários países, a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e diretora regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, Carissa Etienne, alertou que a pandemia na região vai aumentar e piorar antes de melhorar, como ocorreu em outras nações, por conta da transmissão comunitária. Segundo ela, nas Américas são 773 mil casos confirmados e 2.836 mortes. “A esperança deve nos alentar se seguirmos dois pilares: a solidariedade e evidências científicas”, disse, defendendo o isolamento social.

Etienne afirmou que a Opas está trabalhando na América para controlar a doença na região. “Muitos países membros estão enfrentando o desafio de combater a Covid-19 em um contexto de desigualdade e restrição financeira”, alertou. Para diretora, a pandemia colocou os sistemas sanitários de todos os países à prova. “Precisamos assegurar que os países possam utilizar os recursos disponíveis. Estamos em tratativas com as autoridades regulatórias nacionais para alavancar recursos para produtos médicos”, assinalou.

Para Etienne, a forma para reduzir a velocidade de propagação e evitar um colapso nos sistemas de saúde é o isolamento social. “Os países precisam criar sistemas de saúde resilientes e adotar medidas urgentes para preparar instalações médicas temporárias. O vírus não será detido por fronteiras”, ressaltou. “As medidas podem parecer drásticas, mas a única forma de evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados é o isolamento”, destacou.

Com base na experiência em países fora das Américas, Carissa Etienne assinalou que parece prudente adotar medidas de distanciamento por dois a três meses. “Ainda não temos evidências robustas de remédios ou vacinas, por isso, essa segue sendo a melhor opção para evitar consequências mais sérias. Por isso, este momento exige liderança com compaixão e empatia”, reforçou.

Situação extraordinária

“Estamos pedindo que as pessoas se adaptem a uma situação extraordinária. A pandemia é séria e temos que fazer o que for possível para evitar o impacto nas nossas populações”, disse. Segundo ela, apesar de apartados, os seres humanos estão mais conectados do que nunca. “Vamos compartilhar soluções. Nas próximas semanas, temos que trabalhar juntos, mesmo fisicamente separados. A solidariedade nunca teve um sentimento tão profundo como agora. Todos precisamos fazer nossa parte”, afirmou.

A diretora da Opas explicou que os países precisam atuar juntos, compartilhar recursos e conhecimento para acelerar os serviços de saúde, promover inovações e aumentar a capacidade de enfrentar a pandemia. O diretor Ciro Ugarte destacou que Opas vai mandar 200 mil testes de provas, sobretudo, àqueles países que não podem comprá-los diretamente. Nos próximos três meses, serão 900 mil. 

Outro diretor, Marcos Espinal reiterou que ainda não há provas de nenhum medicamento que possa ser usado com eficiência para combater a Covid-19. Ugarte alertou que o pico do contágio depende das medidas que os países estão adotando, como  distanciamento social. “Isso dependerá de circunstâncias específicas de cada país. Estamos falando de um mês ou dois meses. Alguns países, como os Estados Unidos, estão falando que vão estender as quarentenas”, lembrou.

Saiba Mais

O diretor Jarbas Barbosa explicou que o distanciamento é fundamental para reduzir a carga nos hospitais e nos respiradores. “A primeira estratégia é impedir a transmissão. A segunda é aumentar a capacidade de atenção, como a suspensão de todas os procedimentos que não sejam essenciais nas redes de hospitalares”, disse. Barbosa disse que o número de leitos de UTI no Brasil se comparam aos da Europa. “Mas a forma como vamos usar esses leitos é fundamental. Temos que adotar outras estratégias para não estrangular o sistema, como teleconsulta, telemedicina e atenção básica, para evitar o uso de UTI”, sustentou.

Etienne chamou a atenção para a homogeneidade das Américas. “Os sistemas de saúde diferem muito. Alguns têm mais serviços sanitários que outros, há uma grande desigualdade. Sobretudo na América Latina e no Caribe, há escassez de equipamentos de proteção. Temos distribuído isso. Igualmente importante é o elevado nível de solidariedade para assegurar acesso por igual aos nossos estados membros”, acrescentou.

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