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Coronavírus já superou 800 mil infectados e deixou 40.000 mortos no mundo

Três quartos do número de mortos foram registrados na Europa

Correio Braziliense
postado em 31/03/2020 17:35
Três quartos do número de mortos foram registrados na EuropaMadri, Espanha -A pandemia do novo coronavírus tirou a vida de mais de 40 mil pessoas em todo o mundo e infectou mais de 800 mil, causando mais mortes nos Estados Unidos do que na China, segundo o último balanço desta terça-feira (31), enquanto os governos reforçavam as medidas de confinamento. 

Três quartos do número de mortos foram registrados na Europa, uma triste estatística liderada pela Itália, com 11.000 mortos; seguida da Espanha, com 8.200 mortos; e da França, que registra mais de 3.000 mortes, número similar ao dos Estados Unidos e que se aproxima ao do Irã.  

Desde o começo da pandemia, segundo uma contagem feita pela AFP, foram declarados oficialmente 803.645 casos em todo o mundo, mais da metade na Europa (440.928), 172.071 nos Estados Unidos e Canadá, e 108.421 na Ásia. 

O número de mortos voltou a crescer na Espanha hoje, com 849 falecimentos, apesar de o país ter aplicado um dos confinamentos mais rígidos da Europa, paralisando todas as atividades econômicas não essenciais e proibindo até funerais, como a Itália já havia determinado.

"A tendência geral permanece", disse a médica Maria José Sierra, do Centro de Emergências Sanitárias. Os pacientes recuperados também registraram aumento, de 16.780 a 19.259, de acordo com os números do Ministério da Saúde. 

A França também mostrou números recordes, com 499 mortos em um dia, assim como o Reino Unido, com 381 falecimentos. 

- Hospitais saturados -
Os hospitais espanhóis, sobretudo em Madri e Catalunha, estão lotados. "Começam a faltar sedativos", contou à AFP Nuria Martínez, médica na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital 'Puerta de Hierro' de Madri. "Estamos começando a restringir o acesso à UTI. Pessoas com mais de 80 anos não são internadas na UTI", lamentou.

A Itália registra quase 102 mil casos de Covid-19, em meio a graves dificuldades pela saturação dos hospitais. 

Ester Piccinini, enfermeira de 27 anos, que atua em um hospital de Bergamo, ao norte do país, conta: "Pela manhã, ao chegar ao serviço, espero que esteja tudo bem. Não tanto por mim (...), já que estou muito protegida, mas pelos pacientes". 

Segundo um estudo da Imperial College de Londres, as medidas de confinamento aplicadas em 11 países europeus podem ter salvo 59 mil vidas até hoje.

Nos Estados Unidos, um navio-hospital de 1.000 leitos chegou a Nova York, foco da epidemia no país, para dar um alívio aos congestionados centros médicos da cidade, ao mesmo tempo que o governo instala unidades provisórias de atendimento em um centro de convenções e no Central Park.

A epidemia também foi declarada a bordo do porta-aviões americano Theodore Roosevelt, atracado na Ilha de Guam, no qual o comandante pediu autorização para desembarcar e confinar toda a sua tripulação. 

"Não estamos em guerra. Os marinheiros não precisam morrer", escreveu o capitão do navio, Brett Crozier. 

- Quem vive e quem morre -
A falta de leitos de UTI e equipamentos de proteção para os exaustos profissionais da saúde é grave em todo o planeta, incluindo nos países mais ricos.

"Se acontece um fluxo grande e você tem um número limitado de respiradores, não consegue ventilar a todos. Então, você tem que começar a escolher", lamentou em Nova York Shamit Patel, médico de 46 anos, que, como colegas de outros países, pode ter que ser obrigado a decidir quem irá salvar.

Diante da pandemia, a ONU e o papa Francisco pedem cooperação, trégua e solidariedade. Nesta terça-feira, países europeus anunciaram que entregaram material médico ao Irã, país com quase 3.000 mortes provocadas pela doença, usando um mecanismo que evita as sanções dos Estados Unidos.

Mais de 3,6 bilhões de pessoas, 46,5% da população do planeta, estão confinadas, por obrigação ou por decisão própria, segundo um balanço da AFP. 

A maioria deve cumprir um regime de confinamento obrigatório, como na Espanha, Índia, Reino Unido, França, Itália ou muitos estados dos Estados Unidos. Os demais estão submetidos a toques de recolher, vivem em cidades em quarentena ou são aconselhados a permanecer confinados, mas sem medidas coercitivas.

A Rússia ampliou as suas medidas de confinamento para a maioria das suas regiões, e anunciou fortes multas para os que não as respeitarem. 

Mas conseguir o respeito ao confinamento é difícil em vários países, em especial na África e América Latina, onde milhões de pessoas vivem em uma economia em crise e em locais superpopulosos, às vezes com escassas condições de higiene.

Na América Latina, com 348 mortes e quase 15.000 infectados, vários países anunciaram a prorrogação das medidas, em uma tentativa de evitar o colapso de seus sistemas de saúde.

No México, que registra mais de mil infectados e 28 mortos, foi declarada emergência sanitária, enquanto o Panamá endureceu o confinamento. 

- Recessão econômica -
Neste contexto, o panorama econômico é sombrio. Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países do G20 devem organizar nesta terça-feira uma segunda videoconferência, se reuniram nesta terça por videoconferência e prometeram ajudar os países pobres com as suas dívidas e prestar assistência aos mercados emergentes como forma de limitar o impacto econômico. 

após a promessa na semana passada de uma "frente unida" na luta contra a pandemia, assim como da injeção de cinco trilhões de dólares na economia global para evitar os prognósticos de uma profunda recessão.

Saiba Mais

A crise causou divisões na União Europeia, onde nove países, incluindo Espanha, França e Itália, defendem a criação de um instrumento de dívida comum emitida por uma instituição europeia, uma espécie de "coronabônus", uma ideia que enfrenta a oposição firme da Alemanha e Holanda.

Já o Banco Mundial apresentou uma previsão sombria para a China: em janeiro, a instituição projetava um crescimento de 5,9% para este ano, mas, agora, a estimativa é de 0,1%.

A brusca desaceleração econômica no gigante asiático teria grande influência na região e poderia arrastar 11 milhões de pessoas à pobreza no continente, advertiu o Banco Mundial.

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