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Dos conflitos do século XIX ao coronavírus, a evolução dos trens sanitários

Trens de alta velocidade, TGV, tem sido usados para transportar pacientes na França

Correio Braziliense
postado em 01/04/2020 11:18
A equipe médica leva um paciente infectado com o Covid-19 para um trem de alta velocidade TGV na estação de trem Gare d'Austerlitz em 1 de abril de 2020 em Paris.Usados na França para evacuar pacientes com Covid-19 para regiões menos afetadas, os trens de alta velocidade medicalizados são herdeiros diretos dos trens médicos inventados no final do século XIX.

Segundo o historiador Clive Lamming, a evacuação por trem de soldados feridos foi realizada pela primeira vez na Itália, em 1848.

O procedimento foi visto novamente durante a Guerra da Crimeia, em 1855, a Guerra Civil Americana (1861-1865) e a Guerra Franco-Prussiana de 1870.

A Sociedade Francesa de Ajuda aos Militares Feridos causou sensação na Exposição Universal de Viena de 1873 ao apresentar um modelo de "trem-médico". Consistia de um vagão-médico, uma farmácia, três "vagões-ambulância" - já exibidos na exposição de Paris de 1867 - com beliches, ou bancos, para os feridos, um refeitório e uma cozinha.

Em 1889, decidiu-se criar, na França, cinco "trens sanitários permanentes" com base nesse modelo. Compostos por 23 vagões - 16 dos quais para os feridos acamados -, foram fornecidos pelas principais redes ferroviárias francesas e colocados sob a direção do serviço médico militar.

Logo se tornaram insuficientes, porém, diante da carnificina da Primeira Guerra Mundial. Foi então que os trens de passageiros clássicos começaram a ser adaptados para transportar os feridos - sentados, ou deitados, conta a companhia ferroviária francesa SNCF em uma nota histórica.
 
Na década de 1920, "trens do tipo sanitário" apareceram. Bancos e paredes dos compartimentos podiam ser removidos para dar espaço às macas. Essa opção era a norma até os anos 1980, diz a SNCF.

Em tempos de paz, esses trens também transportavam pessoas que podiam viajar apenas deitadas e acompanhadas por uma equipe de cuidadores.

A SNCF mantinha permanentemente "vagões-ambulância", os quais permitiam o transporte de passageiros em camas, ou em macas. As pessoas em peregrinação para Lourdes foram as principais usuárias desses trens até serem reformados em 2014.

O exercício anual de medicina para catástrofes organizado pelos serviços de emergência e hospitais na França atualizou o conceito em maio de 2019, com o uso de um trem de alta velocidade de dois andares (TGV Duplex) como um trem-médico para a transferência, para Paris, de vítimas de um atentado (fictício) em Metz.

Agora, o modelo foi adotado para transportar pacientes com Covid-19 das regiões norte, leste e de Paris para hospitais menos saturados no restante do território francês. 

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