Correio Braziliense
postado em 01/04/2020 18:04
Paris, França -O planeta se aproxima do milhão de infectados pelo novo coronavirus, e da cifra de 50 mil mortos, em meio à pior crise desde a Segunda Guerra Mundial.
A Europa é a principal frente de guerra contra este novo inimigo invisível. O número de mortos resiste a baixar, apesar do confinamento quase generalizado.
Nos Estados Unidos, que continuam testando em massa a população e já registraram 200 mil infectados, a preocupação cresce. Aos poucos, também cresce a epidemia na América Latina, que já reportou mais de 20 mil casos.
"Esta é, de fato, a crise mais desafiadora que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial", comentou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
- Mais sombras do que luzes -
O quadro é, no momento, mais cheio de sombras do que de luzes. O número de infecções parece se estabilizar na Espanha e Itália, países europeus mais atingidos, mas o número diário de mortos ainda é elevado, superior a 800 em ambos os casos.
Mais preocupante é a curva que começa a aparecer em França e Reino Unido, com mais de 500 mortos nas últimas 24 horas.
As diferentes agências da ONU pediram nesta quarta-feira, em comunicado comum, mais solidariedade aos vizinhos mais vulneráveis, para evitar uma tragédia alimentar.
Os países ricos, no entanto, estão pressionados não apenas pelo vendaval sanitário, mas também pela paralisação de suas economias. "Nosso país enfrenta um desafio sem precedentes em sua história", declarou, em tom grave, o presidente Donald Trump.
- Dobro de mortos -
A partir de dados oficiais dos 187 países afetados, a AFP contabilizou 905.580 casos e 45 mil mortos.
"No momento em que entramos no quarto mês de pandemia, estou profundamente preocupado com a rápida escalada e a propagação mundial das infecções", alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "O número de mortos dobrou amplamente na última semana. Nos próximos dias, chegará ao milhão de casos confirmados e aos 50 mil óbitos."
A escassez derivada da pandemia provocou protestos em alguns países mais pobres. "Na Nigéria, quando você trabalha, já passa fome. Imagine quando não pode trabalhar", resumiu Samuel Agber, que trabalha com reparos de aparelhos de ar-condicionado
Para conter a propagação da pandemia, quase metade da população mundial foi convocada a permanecer em casa, o que nem sempre é fácil de cumprir. Na Índia, a polícia mostrava nas redes sociais faces bem diferentes. De um lado, aparecia dançando nas ruas com capacetes representando o vírus. De outro, agentes eram vistos agredindo quem violasse o confinamento.
O presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta, pediu hoje desculpas pelos "excessos" policiais durante a aplicação do toque de recolher noturno. Já Serra Leoa, um dos países mais pobres do planeta, decretou três dias de confinamento, com a frágil esperança de conter o primeiro surto da epidemia.
- Massacre silencioso -
Na Itália, médicos estão preocupados com os pacientes que deixam o hospital quando sua vida não corre mais risco, mas que continuam sendo contagiosos. Alguns deles são levados para casas de repouso, e, apesar das medidas de proteção, especialistas temem um "massacre silencioso" nesses locais.
Enquanto na Itália e Espanha o pico de infecções deve ser alcançado, depois de semanas de confinamento, o mesmo não se vislumbra na América do Norte. O governo americano divulgou uma previsão sombria de entre 100 mil e 240 mil mortes naquele país nos próximos meses se as restrições não forem respeitadas.
Na América Latina, que já registrou mais de 500 mortes, vários países anunciaram a prorrogação das medidas, em uma tentativa de evitar o colapso de seus sistemas de saúde.
O governo argentino estabeleceu cotas para a repatriação gradual de cidadãos que tentam retornar àquele país após o fechamento das fronteiras.
- Novos prejuízos nas bolsas -
O fechamento temporário de empresas e a paralisação da atividade econômica, que levaram a medidas semelhantes em todo o mundo, deixaram muitos trabalhadores sem renda, e as consequências começam a ser sentidas nos países mais atingidos. A indústria automobilística, por exemplo, registrou uma queda histórica de mais de 70% no mercado francês.
A ansiedade pelo avanço da pandemia voltou com força hoje aos mercados, com forte prejuízos nas bolsas. Os ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20, que se reuniram ontem, prometeram ajudar os países mais pobres as suportar o fardo de suas dívidas e ajudar os mercados emergentes.
Na frente esportiva, os organizadores anunciaram a suspensão do Torneio de Wimbledon, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.
- Casos assintomáticos na China -
Saiba Mais
Paralelamente, a China anunciou nesta quarta-feira 1.367 casos assintomáticos do novo coronavírus, que se somam aos 81.554 contágios registrados, ao divulgar pela primeira vez o número de pessoas atualmente infectadas, mas que não manifestam a febre e tosse características da Covid-19.
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