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A pandemia se acelera

OMS alerta sobre a urgência de detecção de casos assintomáticos da Covid-19 e demonstra preocupação com o rápido aumento das infecções, que se aproximam de 1 milhão. ONU anuncia a pior crise desde a Segunda Guerra

Correio Braziliense
postado em 02/04/2020 04:05
OMS alerta sobre a urgência de detecção de casos assintomáticos da Covid-19 e demonstra preocupação com 
o rápido aumento das infecções, que se aproximam de 1 milhão. ONU anuncia a pior crise desde a Segunda Guerra
 
Mais sombras do que luzes. Os prognósticos para a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial são preocupantes. Até o fechamento desta edição, 187 países registravam 932.605 infectados pelo novo coronavírus e 46.809 mortos — 193 mil pacientes foram considerados curados. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), se disse “profundamente preocupado com a rápida escalada e propagação das infecções em escala global”. “O número de mortos dobrou amplamente na última semana. Nos próximos dias, chegará a 1 milhão de casos confirmados e a 50 mil óbitos”, comentou.

A OMS também alertou para a urgência em detectar os casos assintomáticos para deter o avanço da pandemia. “Nas últimas cinco semanas, temos visto um crescimento exponencial nas novas infecções, quase em todas as nações”, acrescentou Ghebreyesus. O novo coronavírus apareceu pela primeira vez em Wuhan, China, em 31 de dezembro do ano passado.  “Trata-se da primeira pandemia causada por um coronavírus e seu comportamento não é bem conhecido. Temos que estar em uníssono para combater esse vírus desconhecido e perigoso”, advertiu o diretor.

A Europa é a região mais afetada pela pandemia, com mais de 30 mil mortes. A Espanha, o Reino Unido e a França voltaram a registrar recordes diários no número de óbitos, respectivamente 864, 563 e 509. “Esta é, de fato, a crise mais desafiadora que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial”, comentou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres. As autoridades da OMS consideram preocupante a curva epidêmica que começa a atingir franceses e britânicos. Os espanhóis, por sua vez, acreditam que a taxa de infecções se estabilizou, apesar das mais de 800 mortes por cinco dias consecutivos. Na França, mais de 6 mil pacientes ocupam os leitos de UTIs —mil a mais do que a capacidade  inicial do país. Os Estados Unidos registraram 213 mil casos (leia nesta página).

Na Itália, médicos estão preocupados com os pacientes que deixam o hospital quando sua vida não corre mais risco, mas que mantêm o potencial de transmitir o vírus. Alguns deles são levados para casas de repouso, e, apesar das medidas de proteção, especialistas temem um “massacre silencioso” nesses locais.

A Organização Mundial da Saúde não escondeu o temor crescente em relação à chegada da Covid-19 a países em desenvolvimento. “Embora tenha havido um número relativamente fraco de casos registrados na África e na América Central e do Sul, estamos cientes de que a Covid-19 poderá ter sérias consequências sociais, econômicas e políticas para essas regiões”, declarou Ghebreyesus.

Um balanço da agência de notícias France-Presse aponta que a América Latina e o Caribe têm mais de 20 mil casos confirmados — o dobro das infecções de cinco dias atrás. Até o fechamento desta edição, as nações mais afetadas eram o Brasil, com 6.836 casos e 240 mortes, Equador (2.748 e 93), República Dominicana (1.284 e 57), México (1.215 e 29) e Panamá (1.181 e 30). A Argentina contabilizava 1.054 contágios e 27 óbitos. O governo argentino estabeleceu cotas para a repatriação gradual de cidadãos que tentam retornar àquele país após o fechamento das fronteiras. A expansão do coronavírus levou todas as nações da região, com exceção do Brasil e Uruguai, a restringir o movimento de seus cidadãos.

COP26

A conferência sobre o clima COP26, que devia ser celebrada na cidade escocesa de Glasgow em novembro, foi adiada por causa da pandemia. “Em vista do impacto mundial e contínuo da Covid-19, a celebração de uma COP26 ambiciosa e inclusiva em novembro de 2020 não é possível”, detalhou o governo do Reino Unido em seu site, no qual informou que a conferência será celebrada em 2021 na mesma cidade em data a ser comunicada. Trinta mil pessoas, inclusive 200 líderes mundiais, deviam assistir à cúpula da ONU, com dez dias de duração.

» Planeta sob risco de crise alimentar

       Em declaração conjunta incomum, os líderes de três organizações multilaterais de alimentação, comércio e saúde — FAO, OMC e OMS — alertaram para o risco de uma crise alimentar causada pela nova pandemia de coronavírus. Existe o perigo de “escassez de alimentos” no mercado mundial, devido a perturbações derivadas da Covid-19 no comércio internacional e nas cadeias de suprimentos, declararam o chinês Qu Dongyu, que chefia a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO); o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS); e o brasileiro Roberto Azevêdo, líder da Organização Mundial do Comércio (OMC). “As incertezas geradas sobre a disponibilidade de alimentos podem desencadear uma onda de restrições à exportação”, o que, por sua vez, causaria uma “escassez no mercado mundial”, afirmam.
 
 

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