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Quase 6 mil brasileiros retidos no exterior aguardam repatriação

Com pouco dinheiro, brasileiros que tentam voltar para o Brasil vivem o medo da contaminação da Covid-19 ilhados em outro país

Correio Braziliense
postado em 02/04/2020 17:00
Adriano Leal está na Tailândia tentando voltar para o Brasil após fechamento das fronteiras devido ao novo coronavírusDesde que a pandemia do novo coronavírus começou a fechar as fronteiras mundo afora, 5,8 mil brasileiros ainda não conseguiram voltar para o Brasil. Assim como a grande maioria desse grupo,  Adriano Leal, 28 anos, compartilha os receios de contrair a Covid-19, fora do país e quase sem dinheiro. Segundo ele, idosos, grávidas e crianças vivem a mesma situação. 

Baiano de Vitória da Conquista, Adriano já estava na Tailândia quando a pandemia começou a alarmar a Itália, que isolou a população em casa. Com o fechamento dos pontos turísticos no Vaticano e em Roma, Adriano, que trabalha no Brasil com turismo, viu sua fonte de renda secar, já que esses destinos são o carro chefe dos passeios dos grupos que ele trabalha.

Para piorar, o voo de volta da Tailândia, marcada para segunda-feira (30 de março), foi cancelado. “O voo foi cancelado sem que a Air France desse nenhuma outra opção. Os guichês da companhia estavam todos fechados, não responderam ligação. Fiquei ilhado sem passagem de volta para o Brasil, sem trabalho e sem dinheiro”, relata Adriano.

Os preços das passagens saltaram. O grupo de brasileiros retidos na Tailândia inicialmente tinha cerca de 300 pessoas. Número que caiu à medida que parte delas conseguiram comprar as poucas passagens disponibilizadas para o Brasil a preços exorbitantes.  


Medo da contaminação no quarto de hostel 


Para quem não teve a mesma sorte, como Adriano, a espera pelo retorno para casa é ainda mais dramática pelas condições precárias do local que conseguiu para se hospedar. Em um quarto de hostel dividido por oito pessoas é impossível ficar isolado.

“O fluxo de turistas entrando e saindo é muito grande. Estou desesperado. A luta psicológica é muito grande. Eu já tive no passado depressão e síndrome do pânico. Eu tomo medicamento para dormir, então imagina como está sendo encarar tudo isso”, desabafa.

O brasileiro contou que o hostel sofreu uma infestação de baratas outro dia. Sem nenhum sintoma da Covid-19, o brasileiro vive a angustia pela incerteza sobre o voo de repatriação. “Nos falaram que vai ter um voo para nos levar de volta para o Brasil, mas não tem data”, lamenta. 

Adriano relata que o clima nas ruas já é mais hostil aos estrangeiros, vistos como possíveis vetores de contaminação do novo coronavírus. A partir de sexta-feira (3/4), Bancoque, capital tailandesa onde Adriano está, começará o toque de recolher para limitar os horários de a população sair às ruas.  
 
 
 

Itamaraty diz querer repatriar todos os brasileiros retidos

 
Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), eram 16 mil brasileiros retidos no exterior desde o começo do fechamento de fronteiras por causa do novo coronavírus. Na quarta-feira (1/4), o órgão disse que mantém os esforços para que os brasileiros que ainda não foram repatriados possam voltar em segurança.

"Nós identificamos quase 16 mil brasileiros no exterior nessas dificuldades. Desses, já conseguimos ajudar na repatriação de cerca de 10 mil e calculamos hoje que ainda há 5,8 mil brasileiros com dificuldades de retornar ao Brasil. Estamos dedicados para que todos eles possam voltar em segurança para o Brasil", disse o chanceler Ernesto Araújo, que participou de coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.

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