Correio Braziliense
postado em 03/04/2020 04:33
“Sou médica psiquiatra e sobrevivente de Covid-19. Meus sintomas incluíram febre intermitente, dor de cabeça, dor nas articulações e no tórax, diarreia, perda de paladar e de olfato. Entre o sétimo e o oitavo dias pode haver complicação, caso o paciente faça parte de um grupo vulnerável. Não tenho nenhuma doença preexistente e desenvolvi pneumonia dupla a ponto de não conseguir respirar. Consegui me recuperar com antirretrovirais e com a supervisão de um infectologista. O Equador é um dos países mais afetados, porque houve uma redução na percpeção do risco. Minimizaram o perigo, disseram tratar-se apenas de uma gripe e que 2% das pessoas morrem. Estamos abandonados.
Os cemitérios de Guayaquil têm recebido 60 cadáveres diários. Como não fazem o teste de diagnóstico para Covid-19, a causa mortis é sempre insuficiência respiratória. Há muitos mortos e infectados na cidade. Nunca se estabeleceu um cerco epidemiológico correto no Equador. Uma paciente teria chegado da Europa com os sintomas, mas creio que outros vieram antes, já com o vírus. Um paciente meu, chinês, veio do país natal também com suspeitas de ter sido infectado. Muitas pessoas acudiram às farmácias em busca de cloroquina, mas não a encontraram. Várias morrem em suas próprias casas. Estamos à deriva em Guayaquil. As autoridades querem evitar o alarme e suspender a quarentena em 5 de abril. Haverá mais mortos.”
Julieta Sagnay, médica psiquiatra, sobrevivente de Covid-19, moradora de Guayaquil
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.