Correio Braziliense
postado em 05/04/2020 04:20
É possível que o Sars-CoV-2 seja transmitido quando as pessoas falam e respiram, declarou o infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e conselheiro do presidente Donald Trump na pandemia. A transmissão por via aérea explicaria a alta taxa de contágio que, aparentemente, tem o vírus responsável pela pandemia de Covid-19, já que tudo indica que pessoas infectadas mas assintomáticas são responsáveis por uma grande parte das infecções.
Em um momento de mudança na recomendação do uso de máscaras faciais, Fauci afirmou ao canal Fox News que as novas informações indicam que “o vírus realmente pode ser transmitido inclusive quando as pessoas simplesmente falam, não apenas quando tossem ou espirram”. As academias norte-americanas de ciências detalharam, em uma carta enviada à Casa Branca, vários resultados científicos preliminares.
Eles reforçam a possibilidade de que o vírus seja transmitido pelo ar, e não somente pelas gotas expelidas em um espirro diretamente ao rosto de outras pessoas ou sobre superfícies (onde se demostrou que o vírus pode sobreviver por horas e dias, segundo o relatório).
“Os trabalhos de pesquisa disponíveis atualmente aumentam a possibilidade de que o Sars-CoV-2 possa ser transmitido pelos bioaerossóis gerados diretamente pela expiração dos pacientes”, escreveu Harvey Fineberg, presidente do Comitê de Doenças Infecciosas Emergentes, na carta em nome das academias e revisada por muitos outros especialistas. Fineberg citou quatro estudos e destacou que ainda é necessário entender melhor o real risco de infecção por esse vírus.
Se a respiração for uma delas, ainda não se sabe se representa uma via significativa de transmissão quantitativamente. Em um estudo, pesquisadores da Universidade de Nebraska detectaram porções do código genético do vírus no ar dos locais onde os pacientes estavam isolados. No entanto, encontrar essas partes do vírus não é equivalente a identificar o micro-organismo completo.
Enquanto isso, pesquisadores da universidade de Hong Kong observaram, recentemente, que o uso de máscaras reduzia a quantidade de coronavírus expirados pelos pacientes, em um experimento feito com outros vírus diferentes do Sars-CoV-2. Já pesquisadores chineses, em Wuhan, coletaram amostras de ar em diversas instalações hospitalares da cidade e descobriram concentrações altas do novo coronavírus, especialmente nos banheiros e nas salas onde os funcionários removem seus equipamentos de proteção.
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