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Novo opositor a Johnson

Partido Trabalhista britânico elege Keir Starmer como substituto de Jeremy Corbyn, que renunciou após a fragorosa derrota para o premiê, em dezembro passado. O centrista acena à comunidade judaica, com pedido de desculpas por antissemitismo na legenda

Correio Braziliense
postado em 05/04/2020 04:20
No discurso de vitória, referências à pandemia do novo coronavírus: político terá como desafio acabar com as divisões internas
O Partido Trabalhista, principal força da oposição no Reino Unido, tem um novo líder. O centrista e elurófilo Keir Starmer foi designado, ontem, para suceder a Jeremy Corbyn, que decidiu renunciar após a esmagadora derrota para o primeiro-ministro Boris Johnson nas eleições legislativas realizadas em dezembro do ano passado.

“É uma honra e um privilégio ser eleito líder do Partido Trabalhista. Isso chega em um momento como nenhum outro em nossas vidas”, disse Starmer, de 57 anos, em seu discurso de agradecimento, numa referência à pandemia do novo coronavírus.

Advogado especializado na defesa dos direitos humanos e responsável no partido pelo Brexit, ao qual sempre se opôs, Starmer era o grande favorito desde o início da disputa. Com 56% dos votos, Staimer derrotou as duas finalistas, ambas de 40 anos: Rebecca Long-Bailey, considerada herdeira natural de Corbyn (26%), e Lisa Nandy (18%).

Além de vigiar a atuação do governo frente à Covid-19, os trabalhistas devem pôr ordem em seus assuntos internos, começando por um antissemitismo muito duramente criticado por não ter sido percebido e contido a tempo.

Tão logo a indicação foi anunciada, Keir Starmer tratou de pedir  desculpas à comunidade judaica por essa “mancha” que prometeu erradicar. “Arrancarei esse veneno enraizado e julgarei meu sucesso em função do retorno dos membros judeus e daqueles que sentiram que não podiam mais nos apoiar”, afirmou o novo líder da oposição.

Desde o fim de fevereiro, os cerca de 600 mil membros do partido votaram pelos correios, ou on-line, para escolher o sucessor de Corbyn, 70 anos, que sofreu, no fim do ano passado, a pior derrota eleitoral de seu partido desde 1935. Muito antes disso, o partido buscava se livrar, internamente, das acusações de um antissemitismo que o ex-sindicalista, um defensor de longa data da causa palestina, foi acusado de não frear, provocando a saída de vários deputados.

Em 2018, Corbyn reconheceu que havia um “problema real”, que ele havia sido “muito lento” para impor medidas disciplinares e que “restaurar a confiança” com a comunidade judaica era a prioridade. Mas isso não impediu que, antes das eleições, o gran rabino do Reino Unido e o jornal Jewish Chronicle lançassem um incomum apelo pelo boicote eleitoral contra ele.

Fragmentação
Levando em conta a fragmentação no Partido Trabalhista, o cientista político Steven Fielding, da Universidade de Notthingham, avalia que “o primeiro desafio (para Starmer) será formar uma equipe que pelo menos pareça capaz de unificar o partido”.

De imediato, a atenção do novo líder estará voltada para a ação do governo diante da pandemia, que deixou, entre sexta-feira e ontem, 708 mortos, incluindo um garoto de 5 anos.

Infectado pelo novo coronavírus, Boris Johnson felicitou o novo líder da oposição e o convidou para uma reunião do Executivo sobre a Covid-19. “Nesse momento de crise nacional, o papel de todos os partidos da oposição deve ser apoiar as medidas contra o coronavírus, ao mesmo tempo em que se defende os mais vulneráveis com uma avaliação adequada do governo”, afirmou Ed Davey, líder interino do opositor Partido Liberal Democrata, convidando Starmer a colaborar.



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