Mundo

Europa planeja fim de isolamento

Correio Braziliense
postado em 07/04/2020 04:35
Casal  aproveita o dia ensolarado para dazer uma caminhda, em parque de Bruxelas, no domingo: país formou comissão para avaliar volta à rotina

 

 

 

 

Apesar da internação na unidade de terapia intensiva (UTI) do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e do aumento do número de mortos na Itália e na França, países europeus planejam o fim lento e gradativo do isolamento social. A Áustria pretende suspender, de modo progressivo, a partir de 14 de abril, as restrições em vigor para desacelerar a transmissão do novo coronavírus. O chanceler Sebastian Kurz anunciou que a flexibilidade começará pela reabertura de pequenos estabelecimentos comerciais de até 400 metros quadrados e, de acordo com um cronograma de vários meses, haverá retomada de diversas atividades. “Tudo sob rígidas condições de segurança. (…) Nosso objetivo é uma retomada por etapas”, explicou Kurz. Até o fechamento desta edição, a Áustria tinha registrado 12.293 casos e 220 mortes.

 

Primeiro país europeu a declarar estado de emergência em março, a República Tcheca permitirá o funcionamento de lojas a partir de sexta-feira, como aquelas que vendem materiais de construção e artigos de papelaria. Também devera autorizar a prática de atividades eportivas ao ar livre, sob condição de que não haja aglomerações. O ministro da Saúde tcheco, Adam Vojtech, assegurou que o governo tem sido capaz de “relativamente bem gerenciar a pandemia, não o contrário”. A República Tcheca contabiliza mais de 4.700 infectados e 78 mortes. Por sua vez, Finlândia, Bélgica e França montaram comissões para analisar a retomada progressiva das atividades econômicas. Entre domingo e ontem, 833 franceses morreram em decorrência do novo coronavírus — o total de óbitos se aproximava, na tarde de ontem, de 9 mil.

 

Depois de sinais de esperança, a Itália voltou a amargar um aumento no número de mortes, com mais 636 óbitos em 24 horas. O país cumpre a primeira de três estapas de um cronograma de quarentena — a segunda fase, de reinício lento das atividades, deve começar em maio. O ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, admitiu aos jornais Il Corriere della Sera e La Republlica que a meta é a volta à normalidade “o quanto antes”, mas fez uma advertência e um pedido. “A emergência não terminou. O perigo não desapareceu. Ainda temos alguns meses difíceis pela frente, não desperdicemos os sacrifícios feitos”, comentou. O chefe da Defesa Civil, Angelo Borrelli, previu que a Itália seguirá confinada até 11 de maio.

 

Reino Unido

 

Depois de ser testado positivo para a Covid-19, o premiê britânico, Boris Johson, piorou e foi levado à UTI do Hospital Saint Thomas de Londres. “Durante a tarde, o estado de saúde do primeiro-ministro se deteriorou e, por conselho de sua equipe médica, ele foi transferido para a unidade de cuidados intensivos do hospital”, anunciou um porta-voz de Downing Street, residência oficial do chefe de governo. “O primeiro-ministro pediu ao ministro das Relações Exteriores, Dominic Raab (...) que o substitua no que for necessário”, acrescentou em um comunicado. O líder conservador, de 55 anos, que após dar entrada ao hospital, na véspera, para se submeter a exames, tinha tuitado ontem que se sentia de “bom ânimo”, estava consciente, mas que poderia precisar de respirador mecânico. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou seus “melhores votos” a Johnson, “um amigo de nossa nação”, e disse que os americanos rezam por ele.

 

A notícia da piora de Johnson comoveu os britânicos, depois de o Executivo afirmar reiteradamente que o primeiro-ministro “seguia no comando”. São “notícias terrivelmente tristes”, reagiu o recém-eleito novo líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, assegurando que “os pensamentos de todo o país estão com o primeiro-ministro e sua família nestes tempos incrivelmente difíceis”. Raab tinha começado a preencher, ontem, o vácuo deixado por Johnson: presidiu a reunião diária sobre a crise e conduziu uma coletiva na qual precisou responder várias perguntas sobre a capacidade do premiê de continuar trabalhando. 

 

 

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