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ONU rebate a Casa Branca

Em resposta a Donald Trump, que acusou a Organização Mundial da Saúde de lentidão na reação à pandemia e de proteção à China, António Guterres pede união no combate à Covid-19 e afirma que não é o momento para julgamentos

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:05
Enfermeira coloca equipamento de proteção antes de entrar em UTI de hospital de Roma: a Itália é o país com maior número de mortos

 

As críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à condução da pandemia do novo coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram rebatidas ontem pelas Nações Unidas, que pediram união da comunidade internacional para enfrentar o problema. O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “não é o momento” de julgar o trabalho da agência, mas de buscar o entendimento. Por sua vez, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, pediu a Trump para “não politizar o vírus”.

 

“É possível que haja interpretações diversas de diferentes entidades sobre as mesmas ações”, declarou Guterres, citado por sua porta-voz, Stéphane Dujarric. Quando cessar a pandemia “haverá tempo para revisar” as reações à crise. “Agora é momento de união, de a comunidade internacional trabalhar em conjunto, solidariamente, para conter o avanço do vírus e suas consequências devastadoras”.

 

Trump, cuja resposta à disseminação do novo coronavírus nos EUA foi amplamente criticada, afirmou, na terça-feira, que a OMS reagiu lentamente à pandemia. O chefe da Casa Branca sugeriu que a organização agia de forma tendenciosa em relação à China, depois de lembrar que, no início da Covid-19, apontou que proibir viagens ao gigante asiático, epicentro do surto viral, não era aconselhável.

 

“Isso não está certo”, disse Trump, lembrando que uma de suas primeiras medidas, em janeiro, foi proibir voos da China. Em defesa da OMS, Guterres disse que a agência “está na linha de frente”, apoiando os países, especialmente as mais vulneráveis, “com orientação, capacitação, equipamentos e medidas concretas para salvar vidas”.

 

Até ontem, a Covid-19 havia provocado mais de 86 mil mortes no mundo. Desde do surgimento do Sars-CoV-2, no fim do ano passado, foram cerca de 1,5 milhão de casos de contágio em 192 países ou territórios. Os registros, na verdade, refletem uma parte do total de infectados, já que há políticas díspares entre os países para diagnosticar os casos. As autoridades consideram que, até agora, ao menos 280 mil pessoas se curaram da doença.

 

Entre terça-feira e ontem, os países com maior número de mortos foram os Estados Unidos, com 1.808 óbitos, Reino Unido (938) e Espanha (757). A quantidade de mortos na Itália, o país mais afetado, subiu para 17.669. Foram 139.422 contágios oficiais. Em seguida, no número de óbitos, aparecem a Espanha, com 14.555; Estados Unidos (13.829 mortos), França (10.869) e o Reino Unido (7.097). 

 

"Não devemos perder tempo culpando os outros. É como brincar com fogo"

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS 

 

 

 

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