Mundo

Isolamento conteve o surto

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:05

Após o mês de fevereiro, os casos de Covid-19 na China não cresceram exponencialmente, contrariando o esperado por modelos epidemiológicos tradicionais. Isso aconteceu devido a estratégias de contenção adotadas pelo país em conjunto com mudanças comportamentais, segundo um estudo divulgado na edição desta semana da revista Science. 

No início do surto, o governo chinês adotou várias políticas de mitigação para suprimir a disseminação de vírus, como isolamento social e colocar em quarentena em enfermarias especializadas pessoas diagnosticadas positivamente ou submetê-las à monitoração domiciliar. “Esses esforços combinados não apenas protegeram as pessoas suscetíveis de adquirir a infecção, como também removeram uma fração substancial de todo o conjunto de pessoas suscetíveis do processo de transmissão”, destacaram os autores, liderados por Benjamim Maier, pesquisador do Instituto Robert Koch, na Alemanha.

Para testar a hipótese de que esses esforços levaram a um crescimento surpreendentemente mais lento de novos casos no fim de março, a equipe usou um modelo epidemiológico que considera tanto a quarentena de indivíduos infectados sintomáticos quanto as práticas de isolamento em toda a população. “Mostramos, com precisão, que os dados reduzidos ocorrem ao mesmo tempo que essas alterações comportamentais, confirmando nossa suspeita do poder do isolamento”, frisaram.

Os resultados da abordagem indicam que a resposta do público às políticas de epidemia e contenção foi bastante efetiva e sinalizam a eficácia desse tipo de medida para ações futuras. “As informações fornecidas aqui podem ajudar na implementação cuidadosa de estratégias semelhantes para surtos secundários de Covid-19 ou futuros surtos semelhantes de  doenças infecciosas emergentes”, explicaram.

Os investigadores ressaltaram também que medidas de isolamento precisam ser bem analisadas antes de serem adotadas.  “A implementação de medidas drásticas, como toque de recolher obrigatório, pode ter graves consequências (...) As decisões sobre sua aplicação não devem ser tomadas sem analisar bem a situação”, ponderaram.
 
 
 
 



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