Correio Braziliense
postado em 10/04/2020 04:05
Um estudo internacional mostra os efeitos do isolamento na saúde da população após um mês de isolamento. Resultados preliminares mostram que os adultos em locais mais afetados pela Covid-19 e submetidos à quarentena em fevereiro tiveram angústia, menor saúde física e mental e satisfação com a vida.
Pesquisadores das universidades de Adelaide, de Tongji e de Sydney entrevistaram 369 moradores de 64 cidades chineses. A equipe, liderada por Stephen Zhang, da Universidade de Adelaide, considerou, na análise, condições de saúde preexistentes e mudanças na forma de trabalho — mais de um quarto dos participantes trabalhou no escritório durante o período de bloqueio, enquanto 38% trabalharam em casa e 25% pararam de trabalhar devido ao surto.
Publicado na Psychiatry Research, o estudo sugere que adultos que vivem em locais mais afetados pela Covid-19 relataram satisfação negativa com a vida apenas entre adultos com problemas médicos crônicos, mas não para aqueles sem problemas de saúde já existentes.
Aqueles que pararam de trabalhar também estão entre os mais impactados. “Não ficamos surpresos que eles (…) relatassem piores condições de saúde física e mental, além de angústia. O trabalho pode proporcionar às pessoas uma sensação de propósito e rotina, o que é particularmente importante durante esta pandemia global”, afirma, em comunicado, Andreas Rauch, professor da a Universidade de Sydney e coautor do estudo.
Os impactos da prática de exercícios físicos durante o isolamento também foram observados. Aqueles que se exercitaram por meia hora ou menos por dia durante o período relataram satisfação positiva com a vida. Por outro lado, adultos que se exercitaram por mais de 2,5 horas relataram sentimento contrário.
“É possível que os adultos que se exercitam menos possam justificar ou racionalizar melhor seu estilo de vida inativos em cidades mais severamente afetadas. Mais pesquisas são necessárias, mas essas descobertas iniciais sugerem que precisamos prestar atenção a indivíduos mais ativos fisicamente, já que podem ficar mais frustrados com as restrições”, pondera Stephen Zhang.
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