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Dois filhos durante o asilo

Julian Assange, acusado de espionagem pelos Estados Unidos, concebeu as crianças com a advogada Stella Morris quando estava na Embaixada do Equador em Londres. Caso é divulgado pela noiva como tentativa de tirar o australiano da cadeia

Correio Braziliense
postado em 13/04/2020 04:12
Assange ficou sete anos refugiado, está preso há um e pode ser condenado a até  175 anos de prisão nos EUA

Durante o período em que esteve refugiado na Embaixada do Equador em Londres, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, teve dois filhos com a advogada Stella Morris. Em entrevista ao jornal britânico The Mail, Morris, 37 anos, contou que ela e o australiano acusado de espionagem pelos Estados Unidos (Leia Para saber mais) se apaixonaram há cinco anos, estão noivos desde 2017 e planejam se casar. As informações foram confirmadas por Jennifer Robinson, uma das advogadas de Assange no Reino Unido, e foram declaradas à Justiça britânica, no mês passado, na tentativa de libertar o cliente sob fiança. Assange, porém, segue detido em uma prisão de alta segurança.

Segundo o tabloide, os filhos de Assange e da advogada de origem sul-africana se chamam Gabriel, 2 anos, e Max, 1 ano. O relacionamento teria começado em 2015, quando Stella Morris visitou o então cliente na embaixada. Gabriel foi concebido no ano seguinte. Ainda de acordo com o The Mail, Assange acompanhou o nascimento dos dois filhos em vídeo, e o mais velho foi levado em segredo à embaixada para que o fundador do WikiLeaks pudesse vê-lo. As duas crianças, que são britânicas, já visitaram o pai na prisão.
Em um vídeo publicado pelo WikiLeaks no Twitter, Stella Morris fala sobre o relacionamento, o nascimento dos filhos e as dificuldades enfrentadas pelo casal. “Apaixonar-se em um contexto em que todos tentam destruir sua vida foi uma espécie de ato de rebelião”, diz a advogada, comparando sua história com a que ocorre “em tempos de guerra”.

Na gravação, ela também alega que decidiu revelar a existência dos filhos porque “teme que a vida de Assange esteja em perigo se ele permanecer em Belmarsh”, a prisão de alta segurança em Londres. Na mesma página, o WikiLeaks observou que a companheira de Assange, “mãe de dois filhos pequenos, insta o governo do Reino Unido a libertá-lo e a outros prisioneiros, pois o #coronavírus está causando estragos nas prisões”.

Negativa 
No fim de março, a justiça britânica recusou libertar o fundador do WikiLeaks sob controle judicial (usando tornozeleira eletrônica), alegando que havia “sérias razões para acreditar” que ele pode não comparecer em convocações futuras. A defesa fez o pedido justificando que o australiano de 48 anos tem a saúde frágil, já sofreu problemas pulmonares e poderia ser infectado pelo novo coronavírus.
À época, cerca de 100 membros da equipe carcerária de Belmarsh apresentavam sintomas da Covid-19. “Apesar de sua declaração sobre sua família e de evidências médicas dos sérios riscos à saúde de Assange, o juiz rejeitou a libertação”, lamentou Jennifer Robinson, uma das advogadas de Assange no Reino Unido.

A justiça britânica também suspendeu até 18 de maio o exame do pedido de extradição do fundador do WikiLeaks para os Estados Unidos, que pretendem julgá-lo por espionagem devido à publicação, em 2010, de dezenas de milhares de documentos confidenciais sobre as atividades militares e diplomáticas do país, particularmente no Iraque e no Afeganistão. Se julgado, Assange pode ser condenado a até 175 anos de prisão.
 
Para saber mais 
De troféu a problema
Em 2007, Julian Assange começou a divulgar documentos secretos sobre “regimes repressores” e passou a ser tratado como hacker pelos Estados Unidos, um dos países atingidos. Em outras partes do mundo, porém, o fundador do WikiLeaks era tido como ativista pela liberdade de expressão. Em 2010, a Procuradoria da Justiça da Suécia abriu uma investigação contra ele por suposto assédio e abuso sexual. No mesmo ano, Assange foi detido pela polícia londrina, mas colocado sob fiança dias depois, em razão dessa acusação. No ano seguinte, porém, a Justiça em Londres autorizou sua extradição para a Suécia.

Com medo de ser levado para os EUA, Assange buscou refúgio na Embaixada do Equador em Londres. Na época, era exibido pelo então presidente equatoriano Rafael Correa como símbolo da vitória contra o “imperialismo americano” e tinha autorização para receber visitas e usar a internet. Com a divulgação de novos dados comprometedores e a troca de governo no Equador, sua permanência foi se tornando um problema. Assange foi retirado da embaixada no ano passado e preso pela polícia britânica. 

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