Correio Braziliense
postado em 14/04/2020 18:08
Um único período de confinamento não irá pôr fim à novela do novo coronavírus, e períodos repetidos de distanciamento social podem ser necessários até 2022, para evitar que os hospitais fiquem sobrecarregados, advertiram nesta terça-feira cientistas de Harvard que estudaram a trajetória da pandemia.O estudo é divulgado no momento em que os Estados Unidos enfrentam o pico de infecções pela Covid-19 e vislumbram uma eventual flexibilização das medidas de confinamento.
Uma simulação em computador feita pela equipe de Harvard e publicada pela revista "Science" prevê que a doença irá se tornar sazonal, como outros coronavírus, que causam a gripe comum, com índices maiores de transmissão em meses mais frios. Mas muita coisa permanece desconhecida, incluindo o nível de imunidade adquirido por quem já foi infectado, assinalam os autores.
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A duração e intensidade dos confinamentos poderão ser relaxadas à medida que tratamentos e vacinas se tornarem disponíveis. Mas na sua ausência, períodos de distanciamento dariam aos hospitais tempo para aumentar sua capacidade de atendimento, a fim de lidar com o aumento do número de casos que poderá ocorrer quando as medidas forem levantadas.
"Ao permitir períodos de transmissão que alcancem uma prevalência mais alta, permite-se uma aquisição acelerada da imunidade coletiva", assinalou um dos autores do estudo, Marc Lipsitch. Por outro lado, um distanciamento social muito longo pode ser ruim.
Segundo um cenário projetado, "o distanciamento social foi tão eficaz, que nenhuma imunidade populacional foi adquirida", aponta o estudo.
Os autores reconheceram como uma grande desvantagem de seu estudo o quão pouco se sabe sobre o quão forte é a imunidade das pessoas já infectadas.
Uma coisa é quase certa: o vírus veio para ficar. Segundo a equipe, é bastante improvável que a imunidade seja forte o suficiente e vá durar até que a Covid-19 morra, após o surto inicial, como foi o caso da Sars em 2002-2003.
Testes de anticorpos que acabam de chegar ao mercado e verificam se a pessoa já foi infectada serão cruciais para responder a estas questões fundamentais sobre a imunidade, assinalam os autores do estudo, e uma vacina continua sendo a arma mais eficaz.
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