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O novo composto criado a partir do zircônio poderá ser usado além da captação de energia. Os criadores do material cogitam, por exemplo, inclui-lo na produção de tela de celulares. “Muitos monitores de telefones contêm irídio, outro composto de metal precioso que faz exatamente o que o nosso composto faz”, diz Carsten Milsmann. “Isso também pode incentivar produtores desse tipo de tecnologia a usarem uma tecnologia que seja mais amiga do meio ambiente e mais barata.”

 

A equipe trabalha ainda para tornar o composto solúvel em água, o que permitirá a exploração em aplicações biomédicas, como terapia fotodinâmica para pacientes com câncer. “Ele pode produzir espécies reativas de oxigênio que induzem a morte celular. Parece realmente perigoso, mas, como a reação ocorre apenas durante a exposição à radiação com luz, sua localização e sua duração podem ser rigidamente controladas”, explica Milsmann.

 

O cientista explica que, ao focar a luz em um ponto específico, pode-se gerar espécies reativas de oxigênio para agir apenas em resposta à luz, tornando o uso seguro. “Isso tem o potencial de remover tumores de forma menos invasiva do que por meio de cirurgias e quimioterapia”, afirma. “Estamos lançando as bases iniciais para muitas aplicações desse elemento. Compreender como ele funciona, o que fizemos no artigo, ajudará as pessoas que desejam levar essas tecnologias adiante.”

 

Mais estudos

 

Patrícia Lustoza de Souza destaca que o estudo precisa de mais aprofundamento até que o material chegue ao mercado, apesar de já se mostrar bastante promissor. “Esse é exemplo de uma possível alternativa, certamente muitas outras aparecerão. A pesquisa apresentada indica caminho para testes em células solares. Porém, isso ainda não foi testado. Certamente, será o próximo passo, mas os resultados são animadores”, explica a professora do Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC) da PUC-Rio

 

A especialista também acredita que o composto possa ser explorado em outros setores. “Existem inúmeras tecnologias, cada uma podendo atender a um nicho diferente. Temos aplicações desde satélites, usinas de geração de energia, automóveis até brinquedos e vestuário. Assim, tem lugar para várias alternativas. São inúmeros caminhos para aproveitarmos a fonte gratuita, que é a luz solar. Dependendo da aplicação, estamos dispostos a gastar mais ou menos com a conversão dessa energia em formas utilizáveis, e podemos nos satisfazer com uma menor ou maior eficiência”, detalha. (VS) 

 

"Temos aplicações desde satélites, usinas de geração de energia, automóveis até brinquedos e vestuário (…). São inúmeros caminhos para aproveitarmos a fonte gratuita, que é a luz solar”

Patrícia Lustoza de Souza, professora do Centro de Estudos em Telecomunicações da PUC-Rio