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Trump decide suspender emissão de green cards

Medida vai valer por um prazo inicial de 60 dias, anunciou o presidente, e tem como objetivo preservar postos de trabalho para cidadãos americanos prejudicados pela crise da Covid-19. Em um mês de medidas de confinamento, 22 milhões de pessoas solicitaram auxílio-desemprego

Correio Braziliense
postado em 22/04/2020 04:05
Vou emitir uma suspensão temporária da imigração 
para os Estados Unidos. Ao fazer uma pausa, ajudaremos 
a colocar os americanos desempregados em primeiro 
lugar na fila para empregos. Seria errado substituí-los por 
novos trabalhadores imigrantes enviados do exterior%u201D
Donald Trump,presidente dos EUA
 
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, ontem, o congelamento, por um período inicial de 60 dias, da emissão de green cards, os vistos de imigração que garantem a residência de estrangeiros no país. A medida, sem precedentes, visa, segundo o chefe da Casa Branca, preservar o mercado de trabalho aos cidadãos norte-americanos, severamente afetados pela pandemia do novo coronavírus.
 
Em outra frente de socorro aos norte-americanos, o Senado aprovou, por unanimidade, um novo plano de ajuda de quase meio trilhão de dólares para apoiar pequenas e médias empresas, ajudar hospitais e reforçar os exames. Apoiada por Trump, a iniciativa vai agora para a Câmara de Representantes.
 
“Vou emitir uma suspensão temporária da imigração para os Estados Unidos”, disse o líder republicano, acrescentando: “Ao fazer uma pausa, ajudaremos a colocar os americanos desempregados em primeiro lugar na fila para empregos. Seria errado substituí-los por novos trabalhadores imigrantes enviados do exterior.”
 
A suspensão dos novos green cards fará com que dezenas de milhares de pessoas deixem de entrar no país. No ano passado, aproximadamente 580 mil solicitações desse visto foram aprovadas. O presidente, porém, desistiu do veto temporário à entrada de trabalhadores convidados.
 
O tuíte no qual Trump externou a intenção de fechar os Estados Unidos para imigração durante a crise do novo coronavírus, publicado no fim da noite de segunda-feira, pegou de surpresa a equipe do governo que trabalha na medida. Ontem, procuradores e funcionários do Departamento de Justiça passaram o dia debruçados na análise dos detalhes finais da ordem executiva para dar celeridade à medida. Ontem à noite, os técnicos ainda redigiam o texto.
 
“À luz do ataque do inimigo invisível e da necessidade de proteger os empregos dos nossos grandes cidadãos americanos, eu assinarei uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração para os Estados Unidos!”, anunciou o chefe da Casa Branca, numa postagem feita às 22h06 de Washington (23h06 no horário de Brasília). Trump não deu quaisquer detalhes sobre a medida.
 
Fontes do Departamento de Justiça, ouvidas pelos jornais The Washington Post e The New York Times, confirmaram que o texto da ordem executiva estava sob revisão de advogados do Gabinete da Assessoria Jurídica. A equipe examinava os desdobramentos logísticos e legais do plano de Trump, que pretende implementá-lo o mais rápido possível.
A pauta anti-imigração de Trump é um compromisso da campanha presidencial de 2016. Candidato a um novo mandato, o republicano, pressionado pelo contágio da economia pelo novo coronavírus, vê agora o cenário para colocá-la em prática e acenar a seus eleitores.
 
Os Estados Unidos são o país mais afetado pela Covid-19. Até ontem, haviam sido confirmados mais de 780 mil casos e pelo menos 42 mil mortes. As medidas de isolamento, com consequente desaceleração da produção e outras atividades, provocaram uma tragédia no mercado de trabalho. Dados divulgados na semana passada mostraram que, em um mês, 22 milhões solicitaram auxílio-desemprego.

Ineditismo

Segundo analistas, a iniciativa prometida por Trump não tem  precedentes na história dos EUA. Não houve nada parecido sequer durante a gripe espanhola, em 1918, quando mais de 110 mil imigrantes entraram no país. Estaria, de qualquer forma, amparada por uma decisão da Suprema Corte, que, em 2018, reconheceu a autoridade do chefe da Casa Branca para restringir a entrada no território norte-americano.
 
Em meio às informações divulgadas pela mídia dos Estados Unidos, ontem, multiplicavam-se as dúvidas sobre os expedientes a que Trump poderia recorrer para pôr em prática sua decisão, e se haveria exceções à regra. No Congresso, por exemplo, já era considerada remota a possibilidade de que o veto afetasse trabalhadores rurais.
Desde meados do mês passado, foi suspensa a maior parte das consultas rotineiras de imigrantes e não imigrantes, encerrando quase todos os novos tipos de viagens aos Estados Unidos. Os processos de refugiados também estão parados. E a fronteira com o México está praticamente fechada — só não para trânsito essencial — desde o dia 20 do mês passado.
 
Em 2019, o Departamento de Estado emitiu aproximadamente 460 mil vistos de imigração, contra 617 mil no último ano do governo de Barack Obama. Uma redução de aproximadamente 25%.
 
 

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