Correio Braziliense
postado em 26/04/2020 04:11
A pandemia da Covid-19 mudou o Ramadã para muçulmanos de todo o mundo. Medidas restritivas adotadas pelos países privam, por exemplo, as reuniões familiares e impossibilitam as orações em mesquita. O mundo islâmico, que é majoritariamente sunita, iniciou o mês de jejum e oração na sexta-feira. O Irã, que é xiita, deu início, ontem, na condição de ser o país muçulmano mais atingido pelo novo coronavírus e sob forte expectativa de que a população seja ainda mais atingida.
Há no país temores de um recrudescimento da epidemia duas semanas depois da reabertura parcial dos estabelecimentos comerciais. De acordo com Teerã, 5.650 pessoas morreram em decorrência da doença, e a disseminação do vírus está diminuindo desde o início deste mês. Mas no exterior e no interior do país, alguns acreditam que os números estão subestimados. Citado pela agência de notícias Isna, Aliréza Zali, coordenador da luta contra a doença na capital iraniana, criticou as “reaberturas apressadas” das lojas, dizendo que a medida “poderia criar ondas de doença (…) e complicar o controle epidêmico”.
Diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Ministério da Saúde, Mohammad Mehdi Gouya admitiu a existência de “sinais de um novo aumento” de casos em algumas províncias, como em Gilan e Mazandaran, no norte do país. “Estamos vendo um aumento no número de casos especialmente nas províncias tradicionalmente mais visitadas por turistas e peregrinos iranianos”, acrescentou, em entrevista à agência estatal.
Há 10 dias, o deslocamento de iranianos entre as províncias voltou a ser liberado. O líder supremo publicou uma fatwa autorizando as pessoas a não jejuarem durante o Ramadã caso a privação de comida durante o dia corresse o risco de tornar os fiéis “vulneráveis” à Covid-19, “piorando seu estado de saúde ou prolongar a convalescença.”
No Paquistão, onde também foram adotadas algumas adaptações no mês de jejum, a população lotou mercados e mesquitas no primeiro sábado do Ramadã. O governo do primeiro-ministro Imran Khan permitiu a celebração de orações e congregações todas as noites nas mesquitas, mas com certas medidas de proteção, que não foram completamente cumpridas ontem. “O Paquistão atravessa uma fase muito crucial e, se não tomarmos medidas preventivas, essa doença vai se espalhar rapidamente”, alertou Zafar Mirza, assessor especial para questões de saúde do primeiro-ministro.
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