Mundo

Espanha e França revelam planos de ação para sair do confinamento

A Espanha que chegou a registrar 950 vítimas fatais em horas já registra menos de 400 mortes diárias

Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 10:38
Um menino de máscara facial anda de bicicleta ao lado de um trabalhador que desinfecta um banco em Madri, Espanha.Espanha e França apresentam nesta terça-feira (28/4) seus planos de ação para saírem gradualmente do confinamento imposto pela pandemia, depois de uma queda no ritmo de vítimas fatais por dia do novo coronavírus, que já matou mais de 211 mil pessoas em todo planeta.

Na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciará os primeiros passos para começar a aliviar em meados de maio o rígido confinamento da população, em vigor desde 14 de março, e reativar a economia.

A nova etapa é possível, depois de o país ter registrado nesta terça-feira o quinto dia consecutivo com menos de 400 mortes diárias, com 301 vítimas fatais. Esse número confirma uma desaceleração dos óbitos diários desde que o país superou o pico de contágios no início de abril, quando chegou a registrar 950 vítimas fatais em horas.

Com 23.822 mortes, a Espanha, terceiro país mais afetado pela pandemia no mundo, atrás de Estados Unidos e Itália, começou a flexibilizar no domingo as regras de confinamento. Pela primeira vez em mais de seis semanas, as crianças puderam ir às ruas para um passeio diário, acompanhadas por um adulto.

Nova etapa "progressiva"
 
Os espanhóis também aguardam com expectativa os planos do governo para reativar a economia do país, onde a taxa de desemprego subiu para 14,4% no primeiro trimestre do ano.

Este dado não considera, porém, as pessoas afetadas pelos planos de suspensão temporária de emprego, o que significa que a situação é ainda mais dramática.

Na França, onde o vírus já matou mais de 23 mil pessoas, o primeiro-ministro Edouard Philippe deve revelar o aguardado plano de suspensão progressiva do confinamento imposto desde 17 de março no país.

As medidas serão anunciadas no Parlamento, com um debate e uma votação em seguida, mas com a presença de apenas 75 dos 577 deputados na Assembleia Nacional para respeitar o distanciamento social. Os demais devem votar por videoconferência.

A "nova etapa" será "progressiva", antecipou o presidente Emmanuel Macron em seu mais recente discurso exibido na TV, durante o qual alertou que as regras devem ser "adaptadas" em função dos resultados.

Ao contrário da Itália, que vai manter as escolas fechadas até setembro, e da Espanha, que ainda não decidiu se os colégios poderão reabrir ainda no atual ano letivo, a França deve permitir um retorno voluntário das aulas a partir de 11 de maio.

Também existe a possibilidade de permissão da reabertura de alguns estabelecimentos comerciais "não essenciais" e a autorização de deslocamentos entre as cidades. Mas o governo já antecipou que restaurantes e cafés permanecerão fechados por mais tempo.

Surfistas retornam às praias na Austrália
 
A pandemia matou 211mil pessoas no mundo, 85% delas na Europa e nos Estados Unidos, desde o surgimento na China em dezembro, de acordo com um balanço da AFP.

Oficialmente foram registrados 3.030.240 contágios no mundo, mas o número real é, sem dúvidas, muito superior.

A Europa, com 126.793 mortes e 1.404.171 casos, é o continente mais afetado. Estados Unidos lideram a lista de países com mais vítima fatais (56.253), seguido por Itália (26.977), Espanha (23.822), França (23.293) e Reino Unido (21.092).

Como uma ilustração do fim do confinamento desejado por parte do planeta, os surfistas australianos retornaram à famosa praia de Bondi, em Sydney.

O "templo" do surfe foi aberto ao público nesta terça-feira, e dezenas de pessoas decidiram desafiar as ondas nas primeiras horas da manhã. A praia continua fechada, porém, para quem deseja apenas passear, ou tomar sol.

Na vizinha Nova Zelândia, os habitantes celebraram o alívio das medidas de confinamento e voltaram a frequentar lojas, restaurantes e cafés que reabriram as portas.

Ao mesmo tempo, a guerra de acusações entre China e Estados Unidos pela pandemia não dá trégua. Pequim criticou as "mentiras descaradas" de Washington, depois que o presidente americano, Donald Trump, afirmou na segunda-feira que poderia exigir da China, origem da pandemia, uma compensação financeira pelos danos causados pela crise de saúde.

Nos Estados Unidos, os restaurantes reabriram as portas na Geórgia. No Texas, restaurantes, museus, cinemas e teatros poderão voltar a funcionar na sexta-feira, mas com apenas 25% de sua capacidade.

No estado de Nova York, no entanto, o confinamento prosseguirá em vigor pelo menos até 15 de maio, uma decisão aprovada por 87% da população local, segundo uma pesquisa.

O jornal "The Washington Post" informou que o presidente Donald Trump recebeu várias advertências em janeiro e fevereiro de seus serviços de Inteligência sobre os perigos do novo coronavírus. Declarou emergência nacional apenas em 13 de março, quando a Bolsa registrava forte queda e o número de casos aumentava em Nova York.

Na América Latina e Caribe, o vírus mantém o avanço, com 8.897 mortes e 177.829 contagiados. No Brasil, que registra o maior número de casos confirmados no continente, tiroteios no conjunto de favelas que integram o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, interromperam na segunda-feira a distribuição de alimentos e de itens de higiene feita por voluntários.

Jogos Olímpicos cancelados?
 
No mundo do esporte, também afetado pela pandemia, o presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshiro Mori, afirmou que o evento, adiado para 2021, pode ser cancelado, se a pandemia do coronavírus não for controlada.

Ao recordar que, até hoje, as Olimpíadas foram canceladas apenas em períodos de guerra, Yoshiro Mori comparou a luta contra a COVID-19 a "uma batalha contra um inimigo invisível".

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags