Correio Braziliense
postado em 01/05/2020 04:05
O laboratório privado chinês Sinovac Biotech afirma estar pronto para produzir 100 milhões de doses por ano de uma vacina para combater o Sars-Cov-2. Ele é um dos quatro grupos chineses autorizados a realizar ensaios clínicos de imunização, mas ainda não finalizou os testes com humanos. Ainda assim, a empresa diz estar confiante com base em experiências passadas. Em 2009, ela superou seus concorrentes e se tornou a primeira no mundo a lançar uma vacina contra a gripe suína H1N1.
Nas instalações em Changping, na grande periferia da capital, Pequim, os técnicos de laboratório controlam a qualidade da vacina experimental, com base em patógenos inertes, já produzidos em milhares de cópias. E já tem um nome para ela: Coronavac. Embora o tratamento ainda esteja longe de ser homologado, o fabricante deve demonstrar que é capaz de produzir em larga escala e sujeitar lotes ao controle das autoridades. Daí o lançamento da produção mesmo antes do final dos ensaios clínicos.
No meio da corrida global para encontrar uma fórmula eficaz, menos de uma dúzia de laboratórios até agora iniciou testes em humanos, de acordo com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Entre eles, a Sinovac, que garante que obteve resultados promissores em macacos. Mas o laboratório fundado em 2001 não se pronunciará sobre a data em que a injeção de meio mililitro poderá ser comercializada. “É a pergunta que todo mundo faz”, afirmou Liu Peicheng, diretor da marca. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a produção de uma vacina pode levar entre 12 e 18 meses.
No exterior
O laboratório chinês, que emprega mil funcionários, espera obter os primeiros resultados sobre a segurança do produto até o fim de junho, nas fases 1 e 2 dos testes, diz Meng Wining, diretor de relações internacionais. Essas pesquisas consistem em verificar se a vacina é perigosa para os seres humanos. Para garantir a eficácia, um estudo de fase 3 deve ser realizado em infectados pelo novo coronavírus.
De acordo com Meng Wining, há um problema para essa fase: “Apenas alguns casos por dia são relatados na China”, explicou. A menos que haja uma segunda onda epidêmica na China, o grupo precisará testá-la com diagnósticos positivos no exterior. “Atualmente, estamos em contato com vários países da Europa e Ásia”, diz ele. “Um estudo de fase 3 normalmente envolve milhares de pessoas. Não é fácil obter esse número em nenhum país.”
Esse não é o único teste com vacinas em curso na China. Pequim também aprovou o ensaio clínico de outras três vacinas experimentais: uma, da Escola Militar de Ciências Médicas e do grupo de biotecnologia CanSino; outra, do Instituto de Produtos Biológicos e do Instituto Wuhan de Virologia, cidade onde surgiu o novo coronavírus; e a última, do grupo China Biotics, que iniciou testes, na terça-feira, com 32 voluntários.
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