Correio Braziliense
postado em 03/05/2020 04:13
Os espanhóis saíram para passear ou praticar esportes, ontem, após 49 dias trancados em suas casas, enquanto o fim do confinamento da população em outras partes da Europa e dos Estados Unidos começou com cautela, à medida que a pandemia do novo coronavírus vai perdendo força.
Em Madri, perto do grande parque do Retiro, que ainda está fechado, muitos habitantes foram dar uma volta, alguns em grupos, segundo a agência de notícias France Press. A Espanha planejou, para até o fim de junho, uma saída progressiva do confinamento. Além disso, o chefe de governo, Pedro Sánchez, anunciou a obrigatoriedade do uso de máscara de proteção nos transportes públicos a partir de amanhã. Ele acrescentou que o governo distribuirá 6 milhões de unidades no país, nesta segunda, e dará outros 7 milhões para prefeituras e províncias, para que sejam entregues à população.
Até então, os espanhóis podiam sair de casa apenas para ir trabalhar — caso o trabalho remoto fosse impossível —, comprar comida, ir à farmácia, ao médico ou fazer pequenos passeios com cães. A partir de agora, os cidadãos devem respeitar faixas de horário, para evitar multidões e manter distantes crianças e idosos, que não poderão sair nos mesmos intervalos. A tarde é reservada para os menores de 14 anos, que podem sair acompanhadas por um adulto.
Em outros países europeus, como Itália e Alemanha, os governos também vão relaxando, gradualmente, as medidas de confinamento — uma decisão que continua subordinada à evolução do número de mortos e dos casos de infecção, e que exige medidas de proteção e distanciamento social dos cidadãos. O objetivo é evitar uma segunda onda de infecções. “A partir de segunda-feira (amanhã), depende de vocês”, advertiu na Itália o chefe da Defesa Civil, Domenico Arcuri, pedindo à população que “não baixe a guarda” durante a saída do confinamento. Os italianos poderão passear pelos parques e visitar seus familiares, após dois meses de quarentena.
Avanço
A suspensão das restrições está bem avançada na Áustria e em países escandinavos, que continuam impondo, porém, “medidas de barreira” e distanciamento social. Ontem, em Viena, o clima era de animação nas ruas, com a reabertura de todas as lojas.
O Reino Unido — onde o pico da pandemia foi atingido, de acordo com o primeiro-ministro, Boris Johnson — prometeu um plano para o fim do confinamento para a próxima semana. O país é o segundo mais afetado na Europa em número de mortes, depois da Itália.
Já o governo da França decidiu, ontem, prolongar até 24 de julho o estado de emergência sanitária em vigor no país. A suspensão do estado de emergência em 23 de maio “seria prematura” e “os riscos de recuperação da epidemia” são “comprovados em casos de interrupção súbita das medidas em andamento”, justifica o projeto de lei examinado, ontem, no conselho de ministros e que deve ser apresentado a partir de amanhã ao Parlamento.
O texto especifica, principalmente, as condições de quarentena impostas àqueles que chegam à França e estão infectados com o vírus. Também aponta para a implementação de um “sistema de informação” que afeta os doentes e seu entorno por até um ano. O objetivo é “reforçar o quadro jurídico” e “expandi-lo” para “integrar os desafios do desconfinamento”, que deve começar em 11 de maio, disse o ministro da Saúde, Olivier Véran. “Vamos ter de conviver com o vírus por um tempo”, enfatizou. “Aprender a conviver com o vírus: esse é o desafio dos próximos meses”, reiterou o ministro do Interior, Christophe Castaner. O novo coronavírus causou 24.760 mortes na França, de acordo com o último balanço oficial, divulgado ontem. Nas últimas 24 horas, foram 166 óbitos.
Férias
Na China, onde quase não há mais infecções locais, começaram, ontem, as primeiras férias desde o surgimento da pandemia. Em Pequim, foi reaberta a Cidade Proibida, embora de uma maneira mais limitada do que o habitual.
Nos Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia no mundo, os estados também estão avançando na suspensão das medidas de confinamento. Para revitalizar a economia, mais de 35 dos 50 estados começaram a suspender — ou estão prestes a fazê-lo — o distanciamento social. O Texas, por exemplo, reabriu lojas, restaurantes e bibliotecas na sexta-feira, desde que operem com 25% da capacidade.
“Devemos manter o distanciamento social, os níveis máximos de higiene e as máscaras. Fizemos o melhor que poderíamos. A partir de segunda-feira, dependerá de vocês. Imploro, não baixem a guarda”
Domenico Arcuri, chefe da Defesa Civil da Itália
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