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Estrutura mais vulnerável a vacinas

Correio Braziliense
postado em 05/05/2020 04:06
Célula com o coronavírus (amarelo): patógeno tem

A medida que a pandemia de Covid-19 segue seu curso, cientistas intensificam a busca por uma vacina, lidando com a falta de conhecimento sobre como o novo coronavírus age no corpo humano, entre outras dificuldades. Um estudo publicado na última edição da revista americana Science traz detalhes sobre o Sars-Cov-2 que podem facilitar o desenvolvimento de uma fórmula de imunização.

Para isso, os cientistas usaram um espectrômetro de massa de alta resolução, tecnologia que permite mapear minuciosamente estruturas complexas, como os coronavírus. Liderada por Yasunori Watanabe, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a equipe observou a fundo estados de processamento (comportamento) da molécula chamada glicano. “São elas, um tipo de glicoproteína, que compõem a proteína spike, que permite ao vírus Sars-Cov-2 infectar células humanas”, explicam, em comunicado.

Os cientistas conseguiram determinar precisamente a composição de cada glicano do novo coronavírus e descobriram que eles são menos glicolisados que a de outros micro-organismos similares. “A glicolisação é uma reação bioquímica que adiciona um composto de glicano a uma proteína, e isso faz com que ela se torne mais forte, ou seja, mais capaz de infectar outras células”, explicam, no estudo.

Segundo os autores do trabalho, isso quer dizer que o Sars-Cov-2 tem um “escudo glicano escasso”, o que pode ser benéfico para a obtenção de anticorpos neutralizantes potentes. Dessa forma, os resultados das observações poderão contribuir para outras pesquisas sobre o combate à Covid-19, principalmente as voltadas para o desenvolvimento de vacinas.

“O surgimento da Covid-19 representa uma ameaça significativa à saúde humana global. O desenvolvimento da vacina está focado no principal alvo do vírus, a proteína spike. Nossa análise fornece uma referência que pode ser usada para medir a qualidade de antígenos (produtores de anticorpos), que são o principal foco de estudos de novas vacinas e testes de anticorpos”, frisam os autores.




Proteína-chave
Localizada na parte externa do novo coronavírus, a spike desempenha papel essencial na disseminação da Covid-19. Ela funciona como a chave que abre a fechadura da célula do hospedeiro. Só assim, o Sars-Cov-2 entra no citoplasma de células humanas, onde libera seu material genético e produz cópias dele mesmo, infectando o organismo. Uma vacina que interfira nesse processo consegue bloquear o vírus.





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