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Pandemia de fake news: Estudo lista principais boatos sobre Covid-19

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, a desinformação generalizada tem abrangido "desde conselhos prejudiciais à saúde até ferozes teorias de conspiração"

Correio Braziliense
postado em 05/05/2020 12:23
Origem do novo coronavírus e impactos econômicos da pandemia estão entre os principais temas das fake newsEm meio a pandemia de Covid-19 chama atenção o surgimento de uma segunda mazela: a desinfodemia. O termo foi cunhado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e é definido como "desinformação básica sobre a doença de Covid-19". A ONU considera as fake news sobre o novo coronavírus “mais mortais que qualquer outra desinformação”. Para o especialistas, diante do cenário atual, o acesso a informação confiável pode significar a vida ou a morte em tempos de coronavírus.

Segundo a pesquisa publicada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com o International Center for Journalists (ICFJ), o principal tema da desinfodemia está relacionado à origem e à disseminação do novo coronavírus. Enquanto cientistas identificaram o primeiro caso da Covid-19 ligado a um mercado de animais na cidade chinesa de Wuhan, teorias da conspiração acusam outros atores. Isso vai desde culpar as redes 5G até responsabilizar os fabricantes de armas químicas. 

Outras fake news recorrentes estão relacionadas aos sintomas, diagnóstico e tratamento do vírus, estatísticas falsas, os impactos na sociedade e no meio ambiente, e sobre a repercussão econômica causada pela pandemia. “Esse último tema inclui a divulgação de informações falsas sobre os impactos da pandemia na economia e saúde, sugestões de que o isolamento social não é economicamente justificado e a afirmação de que a Covid-19 está  criando empregos”, detalha o estudo.

O estudo é assinado por Julie Posetti, diretora global de pesquisa do ICFJ e pesquisadora sênior do Centro de Liberdade de Mídia da Universidade de Sheffield (CFOM) e Universidade de Oxford. O relatório foi dividido em duas partes. Na primeira, foram identificados nove temas diferentes da desinfodemia e quatro formatos típicos.

Na segunda parte, são analisados 10 métodos de resposta à crise que estão sendo colocados em prática contra a desinformação do novo coronavírus em todo o mundo. 

“Nesta publicação, a Unesco procura lançar luz sobre os desafios e oportunidades associadas à necessidade urgente de ‘achatar a curva’ da desinfodemia e oferecer possíveis opções de ação”, diz a apresentação do estudo. Para os pesquisadores, a "carga viral" das fake news só aumentará se o jornalismo continuar sofrendo ataques.

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, o jornalismo é essencial para ajudar a neutralizar os danos causados pelo que classifica como "pandemia da desinformação". Em um vídeo veiculado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa no dia 3 de maio, o mandatário defendeu o segmento, destacando-o como crucial para a tomada de "decisões fundamentadas", no âmbito do combate à Covid-19. 

Segundo Guterres, a desinformação generalizada tem abrangido "desde conselhos prejudiciais à saúde até ferozes teorias de conspiração". Ele avalia que, apesar das "notícias e análises verificadas, científicas e baseadas em fatos", que fazem com que a imprensa desempenhe um papel imprescindível na atualidade, os jornalistas têm sofrido cerceamento no exercício de suas funções. 

Métodos e fakes

A desinformação sobre a Covid-19 emprega, ainda, uma ampla variedade de configurações, desde memes até sites elaborados e campanhas orquestradas. "Esses formatos frequentemente infiltram mentiras na consciência das pessoas, apelando para crenças e não para a razão e para os sentimentos, em vez da dedução”, diz Posetti. (veja a galeria de fotos)



Um mapeamento feito pelo Instituto Reuters e pela Universidade de Oxford detalhou alguns dos principais tipos, fontes e reivindicações de desinformação sobre a pandemia. Quase 70% das informações divulgadas sobre a Covid-19 tinham como fonte principal influenciadores digitais, incluindo políticos, celebridades e figuras públicas e redes sociais.  Desse total, 20% das informações eram fake news. 

Os dados demonstram que 59% das postagens do Twitter foram classificadas como falsas, mas mesmo assim permanecem em alta. No YouTube, 27% permanecem ativos e no Facebook, 24% do conteúdo com classificação falsa continuam na timeline sem rótulos de aviso. 

Os verificadores analisaram uma amostra de 225 “informações” classificadas como falsas ou enganosas publicadas em inglês entre janeiro e o final de março de 2020. O estudo foi divulgado no dia 7 de abril.

Checagem dos fatos 


No Brasil, o Ministério da Saúde criou uma página especial para combater fake news sobre a Covid-19. A pasta disponibilizou um número de WhatsApp (61-99289-4640), para que a população envie fatos duvidosos veiculados nas mídias sociais e aplicativos de mensagens, para serem checados por uma equipe técnica do ministério. 

No site, as informações são classificadas em duas listas, de acordo com os selos “Isto é fake news” ou “Esta notícia é verdadeira”. Também são reunidos dados sobre prevenção, transmissão do vírus e atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é possível acessar um podcast sobre a pandemia, produzido pelo próprio ministério.

No DF, a Secretaria de saúde também disponibilizou um número de WhatsApp para envio de mensagens da população. O serviço funciona como um espaço exclusivo para atendimento a profissionais e população em casos de dúvidas e notificações dos casos suspeitos de coronavírus. Basta mandar uma mensagem para o número (61) 99221-9439. 

O Correio também tem um núcleo de checagem de fatos. O Holofote é o primeiro site dessa natureza no Distrito Federal. Em caso de dúvida sobre a veracidade de uma notícia é possível entrar em contato com a equipe no número de WhatsApp (61) 99555-2589 ou no e-mail holofote.df@dabr.com.br.

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