Com 657 casos de infecção pelo novo coronavírus e apenas 17 mortes — uma taxa de letalidade de 2,5%, enquanto a média mundial é de 7% —, o Uruguai começou ontem um retorno gradual da rotina. O país de 3,3 milhões de habitantes reabriu ontem o atendimento presencial em órgãos públicos, um dia depois de o presidente Luis Lacalle Pou ordenar a desescalada do confinamento, prever novas aberturas e sinalizar o controle da pandemia de Covid-19. “O atendimento será retomado na administração pública nos diferentes escritórios, obviamente, com um protocolo que foi acordado, em primeira instância, com os técnicos que nos aconselham e também com os próprios funcionários”, informou o chefe de Estado, na noite de segunda-feira. Para evitar o aumento dos casos de contágio e preocupadas com a situação sanitária no Brasil, as autoridades uruguaias intensificaram, ontem, a fiscalização das fronteiras.
“O governo do Uruguai está preocupado pela situação vivida em algumas localidades fronteiriças, particularmente no lado brasileiro”, declarou Álvaro Delgado, secretário da Presidência. “O presidente instruiu todos os ministros a aprofundar a presença nas fronteiras, onde também será feito um protocolo e orientações claras serão dadas à população da área de fronteira, levando-se em conta as particularidades das cidades binacionais”, declarou Delgado.
Ao ser questionado sobre a atitude do presidente Jair Bolsonaro de desacreditar as medidas de prevenção, ele respondeu: “Não cabe a mim ou ao governo (uruguaio) comentar as posições do presidente brasileiro”. O ministro da Saúde Pública, Daniel Salinas, realizará uma ronda pelas cidades fronteiriças para “ajustar os protocolos” e trabalhar “com maior coordenação com as autoridades brasileiras”.
A ordem de Lacalle Pou é manter a cautela. “Se as precauções forem tomadas, se o distanciamento social for aplicado e a máscara, usada, sair de casa não estará desencorajado. À medida que o tempo passa, as pessoas começaram a sofrer as consequências do isolamento”, afirmou. “Temos de ser cuidadosos a cada vez que avançamos. Estamos com a tranquilidade de estarmos bem assessorados, não apenas com respaldo político, técnico e científico. (…) O que esperamos durante essas aberturas é o bom uso da liberdade que nos permita seguir avançando rumo à nova normalidade”, acrescentou, em entrevista ao jornal uruguaio El País.
Segundo o presidente, todos os mais de 430 testes feitos aleatoriamente em operários da construção civil na semana passada tiveram resultado negativo. “Isso obviamente não significa que não haja caso entre todos os trabalhadores da construção. Devemos dizer que não houve um contágio maciço”, comentou Lacalle Pou, antes de garantir que esse resultado “permitia continuar avaliando a abertura de outras atividades”.
Exigências
O retorno à chamada “nova normalidade” depende de um protocolo de 23 pontos criados pela Presidência do Uruguai, o qual terá de ser cumprido à risca pelo funcionalismo público. Entre eles, está o fechamento imediato do estabelecimento, caso o funcionário teste positivo para Covid-19. O atendimento presencial ao público também deverá evitar aglomerações. Os trabalhadores são obrigados a respeitar uma distância mínima entre si. Todos os empregados e os cidadãos usarão máscaras, e os locais de trabalho seguirão medidas estritas de higiene. As autoridades pretendem criar um protocolo para os comerciantes que retomaram ontem suas atividades.
Na segunda-feira, com dois meses de emergência sanitárias, 85% dos estabelecimentos comerciais do centro de Montevidéu reabriram as portas. Embora o governo tenha ordenado apenas o fechamento de shopping centers, a maioria do comércio na capital parou de funcionar em março. O governo uruguaio jamais chegou a declarar a quarentena obrigatória.
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Número de mortes pela Covid-19 registrados, até a noite de ontem, pelas autoridades uruguaias
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