Um dia depois das acusações feitas por Nicolás Maduro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou ontem que seu governo esteja envolvido em uma suposta conspiração para invadir a Venezuela por mar e derrubar o líder chavista. “Acabei de ser informado. Não tem nada a ver com o nosso governo”, afirmou o republicano a jornalistas, no jardim da Casa Branca. Caracas, porém, reafirmou a denúncia, segundo a qual o líder da oposição Juan Guaidó teria envolvimento no esquema.
Na segunda-feira, Maduro apresentou os americanos Luke Denman, 34 anos, e Airan Berry, 41, na televisão estatal, exibindo seus passaportes e outros documentos. Destacou que ambos haviam sido detidos por uma invasão fracassada ao território venezuelano e que seriam da “equipe de segurança” de Trump. “A Casa Branca não tem nada a ver com o que aconteceu na Venezuela nos últimos dias”, asseverou o secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper.
O Palácio de Miraflores, no entanto, voltou a sustentar a imputação. O ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, vinculou o republicano ao ex-militar Jordan Goudreau, que fundou uma empresa privada de segurança e defesa chamada Silvercorp USA. De acordo com o governo venezuelano, Denman e Berry trabalhavam para essa firma.
“O presidente Donald Trump negou qualquer tipo de relacionamento entre a Silvercorp e seu governo, mas acontece que Jordan Goudreau está servindo de segurança para o presidente dos Estados Unidos”, disse Rodríguez, ao divulgar uma fotografia de 18 de outubro de 2018 com Goudreau perto de Trump em um evento em Charlotte, no estado americano da Carolina do Norte. A imagem não foi encontrada em uma pesquisa feita pela agência France Presse na conta @silvercorpusa.
O ministro venezuelano também exibiu a captura de um vídeo do ato, com Goudreau ao lado do chefe da Casa Branca. “Aqui, ele está muito perto do presidente dos Estados Unidos, senhor Jordan Goudreau”, comentou o auxiliar de Maduro. Além dos dois americanos, 13 pessoas foram capturados na Venezuela em 48 horas, segundo Maduro. O grupo teria tentado entrar na costa de Macuto, estado de La Guaira (norte), a cerca de 40 minutos de Caracas por terra.
Recursos
O Ministério Público venezuelano acusou Guaidó de contratar mercenários com fundos venezuelanos bloqueados pelas sanções de Washington, a fim de iniciar invasão. O líder da oposição rejeitou as acusações. Essa suposta tentativa foi denunciada pouco mais de um ano depois de uma tentativa frustrada de Guaidó — reconhecido como presidente encarregado da Venezuela pelos Estados Unidos e mais de 50 países — de liderar um levante militar contra Maduro.
Segundo o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, os mercenários fecharam contratos de US$ 212 milhões, “dinheiro roubado da estatal petroleira PDVSA” e de contas do país que foram bloqueadas por outros países. “Aqui vemos as assinaturas (...) do cidadão Juan Guaidó e do próprio Jordan Goudreau”, disse o procurador, fazendo referência a uma foto do suposto contrato.
Ainda na segunda-feira, Saab divulgou um vídeo no qual Goudreau, fundador da Silvercorp USA, garante que uma operação contra Maduro estava em andamento. “A Justiça chegará mais cedo ou mais tarde”, ressaltou. Ele informou que existem 114 presos e 92 pessoas procuradas para serem presas por planos contra Maduro e o governo chavista desde que houve um ataque com drones repletos de explosivos durante um ato militar em 2018.
"Não tem nada a ver com o nosso governo”
Donald Trum, presidente dos EUA
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