O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, ontem, que a Justiça de Caracas julgará os dois norte-americanos capturados na segunda-feira na chamada “Operação Gideão” — um ataque fracassado por via marítima ao país, supostamente organizado a partir da Colômbia. O mandatário responsabilizou diretamente os presidentes dos Estados Unidos (Donald Trump) e da Colômbia (Iván Duque) pela “conspiração”. “Luke Alexander Denman e Airan Berry estão acusados, são réus confessos, foram pegos em flagrante e já estão sendo julgados pelo Procurador-Geral da República, pelos tribunais civis da Venezuela”, anunciou Maduro, durante videoconferência com repórteres, na qual ele apresentou um vídeo do interrogatório de Luke Denman, além de passaportes, celulares e equipamentos militares que pertenceriam ao grupo.
“O processo será com todas as garantias e será justo”, acrescentou o presidente, observando que os americanos “estão sendo bem tratados, com respeito”. De acordo com o Palácio de Miraflores, as prisões se somam às de outros 15 “mercenários” que planejavam “assassinar” Maduro. A invasão à Venezuela ocorreu nas praias de Macuto, no departamento (estado) de La Guaira, a cerca de 40 minutos de Caracas. “Eles confessaram sua culpa, violaram o direito internacional, violaram o direito venezuelano, estão nas mãos da Justiça e garantiremos que a justiça será feita, neste caso, com esses dois americanos e com o resto dos mercenários, e que a verdade venha à tona”, comentou Maduro.
No vídeo divulgado pelo presidente venezuelano, Luke Denman confessou que ele e outros dois mercenários da empresa de segurança Silvercorp, sediada na Flórida, participaram da operação. “As únicas instruções que recebi foram me certificar de tomar o controle do aeroporto, para que pudéssemos fazer o traslado seguro de Maduro até o avião”, declarou. A ideia, segundo ele, envolvia capturar o chefe de Estado e levá-lo aos Estados Unidos.
Maduro reiterou suas denúncias contra Trump, a quem ele acusa de ter contratado Jordan Goudreau, ex-proprietário militar da Silvercorp, acusado por seu governo de treinar “mercenários” em território colombiano. “O presidente Donald Trump é o chefe direto de todo o ataque”, disse Maduro. Na terça-feira, Washington considerou as acusações, que envolvem o líder da oposição Juan Guaidó, reconhecido presidente interino por 50 países, como um “melodrama” e uma “grande campanha de desinformação” de Caracas.
Ameaça
Os Estados Unidos alertaram, ontem, que usarão todas as opções à disposição para repatriar os dois americanos. “Se o regime de Maduro decidir retê-los, usaremos todas as ferramentas disponíveis para tentar trazê-los de volta”, avisou o secretário de Estado, Mike Pompeo.
A Rússia afirmou que a resposta dos EUA sobre a suposta operação contra o regime na Venezuela “não é convincente”. “A afirmação de Washington de que o governo dos EUA não tem nada a ver com o que ocorreu na Venezuela nos últimos dias não parece convincente”, expresou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, por meio de comunicado.
"O processo será com todas as garantias e será justo”
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela
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