Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 08:51
A pandemia de coronavírus, que ultrapassou 300 mil casos na América Latina nesta quinta-feira, continua causando estragos na economia e no turismo mundial, levando vários países como a França a acelerar o fim do confinamento.
A pandemia causou mais de 268 mil mortes em todo o mundo, incluindo mais de 150 mil na Europa, onde os países mais afetados são: Reino Unido (30.615 óbitos), Itália (29.958), Espanha (26.070) e França (25.987) .
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou nesta quinta que a fase de desconfinamento que começará em 11 de maio na França será mais rigorosa em Paris, fortemente atingida pela covid-19.
"O país está dividido em dois", descreveu Philippe. Nas áreas "vermelhas", onde fica Paris, crianças acima de 11 anos não retornam à escola, enquanto bares, restaurantes e parques serão fechados e serão necessárias máscaras nos transportes públicos durante o mês de maio, além de que será proibido viajar para mais de 100 km.
Em todo o Canal da Mancha, o governo britânico deverá suspender algumas de suas medidas de quarentena neste fim de semana
A Itália, que foi o primeiro foco europeu da epidemia, também iniciou uma tímida abertura das medidas de confinamento, e nesta quinta a Igreja Católica e o governo assinaram um acordo para a celebração das missas a partir de 18 de maio.
Na Espanha, esperando o desconfinamento, o governo diz que permanece muito vigilante.
E na Grécia, a icônica Acrópole de Atenas e todos os sítios arqueológicos do país serão reabertos em 18 de maio
Ao contrário desses países europeus, a Rússia (177 mil casos e cerca de 1.600 mortos) está em pleno andamento do surto. Moscou, o foco principal, estendeu o confinamento da população na quinta-feira até 31 de maio.
"Empobrecimento geral"
A pandemia também foi devastadora para a economia e atingiu de forma dura o turismo.
O volume de turistas internacionais pode cair entre 60% e 80% em 2020, "a pior crise" em "um dos setores da economia que emprega mais mão-de-obra", disse o secretário-geral da Organização Mundial de Turismo (OMT), Zurab Pololikashvili.
Como muitas outras potências, o Reino Unido verá sua economia entrar em colapso a níveis sem precedentes: o Banco da Inglaterra previu nesta quinta uma queda histórica de 14% do PIB este ano.
Na França, quase meio milhão de empregos evaporaram desde o início da crise, segundo o escritório nacional de estatística, e o primeiro-ministro disse que um "empobrecimento geral" é esperado no país.
E nos Estados Unidos, o país mais afetado pela doença, com mais de 75.500 mortes, cerca de 33,5 milhões de pessoas estão desempregadas desde o início da pandemia.
No geral, "os efeitos mais devastadores e desestabilizadores serão sentidos nos países mais pobres", onde os estados não podem sequer ajudar financeiramente a população, alertou a ONU na quinta-feira, buscando levantar 4,7 bilhões dólares para "proteger milhões de vidas".
"Se não agirmos agora, teremos que nos preparar para um aumento significativo de conflitos, fome e pobreza. O espectro de várias fomes está surgindo", disse o representante do órgão, Mark Lowcock.
Desigualdades históricas
A América Latina e o Caribe passaram na quinta-feira dos 319 mil casos do novo coronavírus, que matou mais de 17 mil pessoas na região, de acordo com um relatório da AFP com dados oficiais.
O Brasil, com 210 milhões de habitantes, é o país que mais registra casos, com 135.106 infectados e 9.146 mortes. O Peru segue com 58.526 infecções e 1.627 falecimentos.
A mortalidade no Brasil atinge especialmente os mais pobres, principalmente a população negra.
"A pandemia aprofunda as desigualdades históricas herdadas da escravidão", disse Emanuelle Goes, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro.
Esperando que o pico da pandemia seja atingido nos próximos dias em diferentes partes da região, vários países vizinhos do Brasil estão observando com preocupação a evolução da doença no gigante latino-americano, enquanto o presidente Jair Bolsonaro incentiva a população a não respeitar as medidas de distanciamento social impostas pelos governadores em diferentes estados do país.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) instou os governos a serem "cautelosos" ao facilitar as medidas de contenção e alertou que a transmissão "ainda é muito alta" no Brasil, Equador, Peru, Chile e México.
Imigrantes detidos
Em meio a essa complexa situação internacional, milhares de imigrantes estão presos em todo o mundo, incapazes de se mover devido ao fechamento de fronteiras e barreiras, alertaram as Nações Unidas na quinta-feira.
A situação é especialmente difícil no sudeste da Ásia, na África Oriental e na América Latina, regiões onde milhares de pessoas não conseguem retornar ao seus países de origem, explicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Nos Estados Unidos, muitos imigrantes ilegais se recusam a ir ao hospital até o último minuto por medo de serem detidos ou receberem uma conta exorbitante.
As pessoas "têm medo de ir ao hospital por causa das políticas anti-imigração implementadas pelo governo Donald Trump desde o primeiro dia", disse Francisco Moya, legislador do Queens em Nova York.
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