Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 15:05
Governantes europeus pediram nesta sexta-feira (8), no 75º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, que o continente recupere o espírito de 1945 para lutar contra a pandemia do novo coronavírus."Não temos que aceitar que a ordem e a paz estabelecidas a partir de 1945 se evaporem diante de nossos olhos", afirmou o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, em um discurso em Berlim.
"Queremos mais e não menos cooperação no mundo, inclusive na luta contra a pandemia", completou.
Na mesma linha, em Londres, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recordou em uma mensagem aos veteranos da guerra que a luta contra o coronavírus "exige o mesmo espírito do esforço nacional encarnado há 75 anos".
O esquadrão "flechas vermelhas" da Royal Air Force sobrevoou o centro de Londres e as emissoras de televisão britânicas respeitaram dois minutos de silêncio.
A rainha Elizabeth II pronunciará um discurso aos britânicos, que será exibido pela BBC One às 20h GMT (17h de Brasília), "horário exato em que seu pai, o rei George VI, discursou por rádio em 1945", segundo um comunicado do governo.
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Em Paris, o presidente francês, Emmanuel Macron, presidiu uma cerimônia curta ao pé do Arco do Triunfo, praticamente vazio. O chefe de Estado depositou flores diante da estátua do general Charles De Gaulle e percorreu Champs Elysées.
- "Gratidão"-
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, depositará flores no início da tarde no memorial da Segunda Guerra Mundial.
Em Moscou, onde o "Dia da Vitória" é celebrado em 9 de maio, o alerta sanitário obrigou o adiamento do desfile militar na Praça Vermelha, para o qual haviam sido convidados governantes estrangeiros. A parte aérea foi confirmada.
O presidente russo, Vladimir Putin, deve discursar ao país, que aguarda suas decisões para o período posterior a 11 de maio, quando termina o confinamento decretado há um mês para impedir a propagação do coronavírus.
Normalmente, a Alemanha não recorda, ou celebra de maneira discreta, o aniversário do 8 de maio de 1945, quando o regime nazista se rendeu aos aliados. Desta vez, porém, a cidade de Berlim declarou o 75º aniversário como dia de repouso.
Sinônimo de derrota para o país, mas também de libertação do nacional-socialismo e dos campos de concentração, o dia é feriado apenas na capital do país, onde a iniciativa provocou alguma polêmica.
Em seu discurso, o presidente alemão pediu aos compatriotas que considerem o 8 de maio de 1945 como um dia de "gratidão" e não de amargura pela derrota e o sofrimento após os bombardeios dos aliados ou a perda de territórios.
"Hoje, nós, alemães, podemos afirmar: o dia da libertação é um dia de gratidão", declarou Steinmeir durante a cerimônia solene em Berlim.
"Precisamos de três gerações para poder afirmar de todo coração", completou.
As palavras de Steinmeier lembraram o importante discurso do então presidente Richard von Weizsaecker, em 1985, quando ele se tornou o primeiro chefe de Estado do país a pedir aos alemães que se lembrassem do 8 de maio não como um dia de derrota, mas como um dia de libertação da tirania nazista.
O líder do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha (AfD), Alexander Gauland, considera que o 8 de maio continua sendo uma "derrota absoluta" pela perda de territórios no leste, pelos bombardeios e pela expulsão de milhões de compatriotas. A Alemanha "perdeu a autonomia sobre seu futuro", disse.
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