Correio Braziliense
postado em 10/05/2020 17:09
Londres, Reino Unido - Alguns britânicos voltarão ao trabalho na próxima semana, mas o Reino Unido permanecerá confinado até junho, quando reabrirá escolas primárias e lojas, anunciou o primeiro-ministro Boris Johnson neste domingo (10), introduzindo um plano de desconfinamento "condicional" do segundo país com maior número de mortes por coronavírus do mundo.Duramente criticado por seu relaxamento inicial e por decidir o confinamento mais tarde que seus grandes vizinhos europeus Johnson, que chegou a ser internado na UTI depois ser infectado pela covid-19, se tornou um ferrenho defensor da prudência e da paciência.
Seria loucura jogar fora o que foi alcançado, permitindo um segundo pico "de infecções", disse Johnson em uma mensagem de televisão altamente antecipada anunciando como ele pretende desmantelar gradualmente o confinamento imposto desde 23 de março.
O Reino Unido é o país europeu com o maior número de mortes pela COVID-19, com mais de 31.000 vítimas, e o segundo do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cuja população (327 milhões) é quase cinco vezes superior.
Diante das sérias consequências econômicas do confinamento - o Banco da Inglaterra prevê uma queda de 14% no PIB -, o governo decidiu convocar setores como construção e indústria a retomar o trabalho a partir de segunda-feira.
"Devem trabalhar se não puderem trabalhar em casa", disse Johnson, ciente de que muitos funcionários e sindicatos se opõem desde que a segurança não seja garantida.
Escolas e lojas em junho
Dado o peso psicológico do confinamento, a partir de quarta-feira, as pessoas também serão incentivadas a "fazer exercícios ilimitados ao ar livre", tomar sol, dirigir para destinos afastados e até jogar em equipes, mesmo que apenas entre "membros da mesma casa".
Os grandes parques de Londres foram palco neste fim de semana da multiplicação desses piqueniques e outras atividades em grupo ainda não autorizadas.
E as ruas ficaram agitadas na sexta-feira, devido ao 75º aniversário da rendição dos nazistas no final da Segunda Guerra Mundial, com pequenas festas entre vizinhos que mantinham mais ou menos o distanciamento.
Por outro lado, as multas serão aumentadas para quem desrespeitar as regras, afirmou Johnson, alertando que "se houver problemas, não hesitaremos em colocar os freios no desconfinamento".
Também será imposta uma quarentena às pessoas que entram no país de avião, anunciadas no sábado pelas operadoras de aeroportos, chamando-a de "catastrófica".
Em uma segunda fase "no dia 1º de junho, no mínimo", lojas e escolas primárias poderão reabrir. Então, em julho, espera-se que "locais públicos", como cafés e restaurantes que respeitem a distância, retomem sua atividade.
Esse lento e progressivo desconfinamento é, no entanto, "condicional" e dependerá dos resultados, alertou o primeiro-ministro. "Se não pudermos fazer isso nessas datas, se o nível de alerta não permitir, simplesmente esperamos", enfatizou.
"Fique alerta"
O governo britânico mudou o slogan de sua campanha de prevenção de "fique em casa" para "fique alerta", atraindo críticas generalizadas da oposição, que denunciou uma perigosa falta de clareza, esperando Johnson comparecer no Parlamento na segunda-feira para dar explicações.
"Enviar mensagens contraditórias faz as pessoas acharem que não há problema em relaxar agora", disse o chefe do governo escocês semi-autônomo, pró-independência Nicola Sturgeon
As medidas anunciadas por Johnson, no entanto, se aplicam apenas à Inglaterra, pois as nações autônomas da Escócia, Gales e Irlanda do Norte determinam por conta própria sua flexibilização.
Essa flexibilização será baseada em um sistema de alerta com cinco níveis, similar ao que existe para a ameaça terrorista, que informará ao país sobre a evolução da pandemia.
Saiba Mais
A redução do confinamento será acompanhada por centenas de milhares de testes semanais - o objetivo é fazer 200.000 diariamente até o final de maio - e um sistema de rastreamento por meio de um aplicativo móvel que avisará as pessoas quando estiverem em contato com uma pessoa infectada.
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