Correio Braziliense
postado em 11/05/2020 04:42
Muitas pessoas temem que os robôs roubem seus empregos. Um estudo do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) indica que, em alguns casos, a automação, de fato, tem um impacto maior no mercado de trabalho e na desigualdade de renda do que pesquisas anteriores indicaram. A pesquisa identifica o ano de 1987 como o momento em que os postos de trabalho perdidos para a tecnologia deixaram de ser substituídos por um número igual de oportunidades similares para os empregados humanos.
Nas indústrias que adotam a automação, o estudo mostra que a perda de empregos entre 1947-1987 foi de 17%, enquanto 19% dos trabalhadores substituídos por máquinas conseguiram novas oportunidades no mercado. Porém, de 1987 a 2016, o desemprego associado à adoção de robôs foi de 16%, enquanto a reintegração dos trabalhadores foi de apenas 10%.
“Muitas das novas oportunidades de emprego que a tecnologia proporcionou nas décadas de 1960 a 1980 beneficiaram trabalhadores de baixa qualificação”, diz o economista Daron Acemoglu, principal autor do estudo. “Mas, a partir dos anos 1980, e especialmente nos anos 1990 e 2000, há um duplo golpe para os trabalhadores dessa classe”, afirma.
O artigo, publicado na revista American Economic Association: Papers and Proceedings, é um dos vários estudos que Acemoglu e Pascual Restrepo, economista da Universidade de Boston, realizaram recentemente, analisando os efeitos dos robôs e da automação no local de trabalho. Em um texto anterior, recém-publicado, eles concluíram que, nos Estados Unidos, de 1993 a 2007, cada novo robô substituiu 3,3 postos de trabalho.
Contudo, Acemoglu afirma que as consequências negativas da tecnologia no mercado de trabalho não são inevitáveis. “Poderíamos, talvez, encontrar mais maneiras de produzir tecnologias que melhorem o emprego, em vez de inovações que substituem o emprego. Nem tudo é triste e sombrio. Não há nada que diga que os avanços tecnológicos sejam ruins para os trabalhadores. As escolhas que fazemos (sobre o uso do arsenal de inovações no mercado) é que têm essa influência”, diz. (PO)
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