Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, iniciaram um estudo com seres humanos para saber se um medicamento semelhante ao usado no tratamento da hepatite C poderá beneficiar pacientes de covid-19. A ideia é testar o inteferon lambda, um modulador do sistema imunológico, para evitar que pessoas que acabaram de testar positivo sejam hospitalizadas e se recuperem mais rapidamente.
O interferon lambda orquestra as defesas naturais do corpo contra infecções, convocando as células do sistema imunológico para atacar invasores como vírus. Uma substância bastante parecida, o interferon-alfa, tem sido utilizada no tratamento de hepatite C e outras infecções virais, assim como o câncer. No caso do lambda, os receptores do medicamento no organismo ficam nos pulmões, no intestino e no fígado — os dois primeiros órgãos são os principais alvos de ataque do Sars-CoV-2.
Resultados de testes em laboratório e em animais sugerem que o interferon lambda possa ser útil no controle de vírus que causam doenças respiratórias como influenza e Sars, além de outras infecções virais comuns. “Seu perfil de segurança parece ser excelente”, diz a pesquisadora principal, Prasanna Jagannathan professora da Faculdade de Medicina de Stanford.
Segurança
A médica explica que o remdesivir, aprovado recentemente para uso emergencial no tratamento de covid-19 nos EUA, é restrito a pessoas hospitalizadas. “No entanto, a grande maioria dos pacientes com covid-19 é ambulatorial. Para eles, nenhum medicamento foi comprovado como seguro e eficaz”, afirma.
A médica ressalta que, embora esses pacientes possam não precisar de hospitalização, a infecção pela covid-19 resulta em sintomas respiratórios e perda de produtividade. “Além disso — e isso é importante —, pacientes com doenças leves contribuem para a transmissão comunitária. Limitar a carga viral desse grupo reduziria a transmissão a familiares e outros, o que é crucial para controlar a propagação de doenças epidêmicas”, afirma.
Os cientistas acabaram de recrutar 120 pacientes diagnosticados com casos leves de covid-19. Divididos aleatoriamente em dois grupos, eles receberão injeções únicas subcutâneas de um placebo ou do interferon-lambda. Em seguida, serão monitorados por 28 dias para verificar sintomas, gravidade da doença, taxas de hospitalização e carga viral.(PO)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.