Correio Braziliense
postado em 19/05/2020 04:06
O avanço da pandemia da covid-19 tem ajudado cientistas a compreenderem como a doença e o coronavírus se comportam em diferentes cenários — por exemplo, em locais com climas mais quentes. Em uma pesquisa publicada na revista Science, pesquisadores americanos mostram que países tropicais, como o Brasil, não enfrentarão uma onda mais reduzida de casos apenas devido à ocorrência de altas temperaturas, como já havia sido cogitado.
Para chegar à conclusão, os cientistas simularam três cenários, considerando informações sobre o papel de variações sazonais na ocorrência de vírus semelhantes ao Sars-CoV-2. O primeiro cenário supõe que a covid-19 apresenta a mesma sensibilidade climática que a influenza e tem como base estudos mostrando a importância da baixa umidade para promover a disseminação de vírus. No segundo e no terceiro cenários, o Sars-CoV-2 teria a mesma dependência climática e duração da imunidade dos coronavírus humanos OC43 e HKU1, responsáveis pelo resfriado comum.
Nas três simulações, o clima só se tornou um fator atenuante à disseminação do novo coronavírus quando grandes porções da população humana estavam imunes ou resistentes ao vírus.
Segundo a equipe, a rápida disseminação do vírus no Brasil, no Equador, na Austrália e em outros países tropicais e do Hemisfério Sul — onde o vírus surgiu durante o verão — fornece algumas indicações de que condições mais quentes realmente farão pouco para deter a pandemia. “É claro que ainda não sabemos diretamente como a temperatura e a umidade influenciam a transmissão do coronavírus, mas, com base no que vemos entre outros vírus, achamos improvável que esses fatores possam interromper completamente a transmissão”, detalha Rachel Baker, pesquisadora do Instituto Ambiental da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e principal autora do estudo.
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