Correio Braziliense
postado em 22/05/2020 09:21
O governo da China tomou a decisão de não estabelecer uma meta de crescimento anual este ano, disse o primeiro-ministro Li Keqiang nesta sexta-feira (22/5), em um raro passo para o gigante asiático, gravemente atingido pela pandemia de coronavírus.
"Nosso país enfrentará certos fatores difíceis de prever", declarou na abertura do Congresso Nacional do Povo, e por essa razão o governo "dará prioridade à estabilização do emprego e à garantia do padrão de vida".
A China conteve em grande parte a epidemia em seu território e as restrições ao movimento estão sendo gradualmente suspensas, mas as consequências do vírus em sua economia devem durar.
Li também anunciou que o déficit fiscal da China deve exceder 3,6% do Produto Interno Bruto este ano, com o déficit de cerca de 140 bilhões de dólares em comparação ao ano passado.
Títulos no valor de mais 100 bilhões de dólares também serão emitidos, acrescentou o funcionário, que disse que são "medidas extraordinárias para um momento incomum".
Esses valores serão transferidos inteiramente para os governos locais, e os fundos serão usados principalmente para garantir emprego, atender às necessidades básicas de vida e proteger as entidades do mercado, disse Li.
Ele também observou que os governos em todos os níveis devem "apertar os cintos" e que todos os tipos de excedentes, fundos inativos e restantes serão retirados e realocados, para melhor serem utilizados.
É a primeira vez nos últimos anos que as autoridades decidem não adotar uma meta de crescimento, que geralmente é vista como um sinal dos recursos que os líderes estão dispostos a gastar para sustentar a economia.
Li disse que a China está "muito consciente das dificuldades e problemas" que o país enfrenta, observando que a epidemia do COVID-19 colocou toda a economia mundial em recessão.
Antes da pandemia, esperava-se que a China anunciasse uma meta de crescimento de cerca de 6% este ano, permitindo cumprir seu principal compromisso político de duplicar o produto interno bruto de 2010 a 2020.
Porém, como a epidemia fez com que o crescimento econômico caísse 6,8% no primeiro trimestre, essa meta não era mais realista.
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