Rodrigo Craveiro
postado em 26/05/2020 06:00

O adversário de Trump nas eleições de novembro, e a mulher, Jill, usavam máscaras de cor preta. ;É bom estar fora da minha casa;, declarou, ao explicar que o casal só tem saído para caminhadas ou passeios de bicicleta esporádicos. Além da visita-surpresa, os Biden divulgaram um vídeo em homenagem aos profissionais da saúde e aos militares. ;Este ;Memorial Day; oferece a cada um de nós a chance de refletir sobre a enormidade do sacrifício deles;, escreveu Joe Biden.
Também pelas redes sociais, o atual inquilino da Casa Branca provocou o rival. ;O sonolento Joe Biden ficou louco quando bani, no fim de janeiro, pessoas que vinham da China. Ele me chamou de ;xenófobo; e, então, ficou igualmente ;doido; quando deixamos entrar 44 mil pessoas ; até que lhes dissessem que eram cidadãos americanos, voltando para casa. Mais tarde, ele se desculpou;, publicou no Twitter. A reaparição de Biden e o novo ataque de Trump sugerem que, apesar da pandemia do novo coronavírus, a campanha eleitoral retornou aos trilhos.
Especialistas
Professor de direito da Universidade de Yale (em New Haven, Connecticut), Bruce Ackerman explicou ao Correio que, ao visitar o memorial em Delaware, Biden buscou honrar os americanos que arriscaram a vida para cuidar das vítmas da covid-19. ;É notável que ele não tenha nem mesmo informado a imprensa de suas intenções, antes de chegar ao local. Trump tem se engajado em performances diárias de mídia, apostando em falsidades óbvias para proclamar o seu ;sucesso;, apesar das mortes de quase 100 mil americanos;, afirmou.
Para Ackerman, apesar da ;passividade; de Biden, Trump pagará um alto preço em novembro. ;Não apenas amigos e familiares dos mortos reconhecem a culpabilidade de Trump. Os EUA não vão se recuperar do enorme desemprego causado pela crise. Dezenas de milhões de norte-americanos estão sendo expulsos do mercado de trabalho, e, com razão, responsabilizarão o presidente pela maior crise econômica desde a Grande Depressão;, comentou. ;Temos todas as razões para esperar que os eleitores votem por Trump fora da Casa Branca. Algumas pesquisas sérias apontam para uma clara vitória de Biden.;
Por sua vez, o historiador político James Naylor Green, professor da Universidade Brown (em Rhode Island), aposta que a eleição de novembro será sobre dois temas específicos: o novo coronavírus e a economia. Ele afirmou que Trump tem sido um desastre em ambos os temas. ;A menos que algo muito incomum aconteça, ele perderá a eleição. Uma indicação é a de que eleitores com mais de 65 anos, tradicionalmente republicanos, estão se mudando para Biden. É um sinal muito ruim para Biden;, disse.
Green admite que o magnata republicano tem incentivado que os EUA retornem ao status quo anterior ao da pandemia. ;Como um baixo percentual da população foi infectado e adquiriu imunidade, quanto mais houver interação social, maiores serão os números de contágios e de mortes;, lembrou. Segundo ele, os estados republicanos que retomarem as atividades econômicas de modo prematuro registrarão mais óbitos.;Provavelmente, veremos um aumento nos casos de infecção no verão (junho a agosto), seguido por nova onda de contágios no outono (setembro a novembro). Com medo de sair, as pessoas consumirão menos e terão pouco dinheiro por estarem desempregadas.;
Pontos de vista
; Por Bruce Ackerman
Sobre freios e contrapesos
;A grande questão, a partir de agora, é se Joe Biden fracassará na adoção de medidas sérias para revigorar o sistema constitucional de ;freios e contrapesos;, que tem sido violado sistematicamente por Donald Trump ao longo dos últimos quatro anos. Se Biden permanecer passivo, os norte-americanos poderão enfrentar outra campanha presidencial em 2024, na qual um demagogo nacionalista tentará impulsionar os Estados Unidos rumo a uma ditadura autoritária.;
Professor de direito da Universidade de Yale (em New Haven, Connecticut)
; Por James N. Green
Aposta na economia
;Trump pretende que a eleição de novembro seja sobre a economia e sobre a promessa de que consertará a alta taxa de desemprego, devolvendo os postos de trabalho às pessoas. Ele promete que as coisas começarão a parecer boas no terceiro trimestre (julho a setembro) e melhorarão bem antes da eleição. O presidente espera que os números mostrem empregos novos, a fim de argumentar que somente ele poderá manter o renascimento econômico. Mas, ele tem um problema: o vírus ; que não é republicano nem democrata.;
Historiador político da Universidade Brown, em Rhode Island