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OMS suspende testes clínicos com cloroquina

Diretor-geral da Organização Mundial da Saúde anuncia que ensaios em 17 países estão paralisados para a avaliação sobre a segurança da aplicação da droga no tratamento da covid-19

Correio Braziliense
postado em 26/05/2020 04:06
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS):

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, ontem, a suspensão “temporária” de todos os ensaios clínicos com hidroxicloroquina realizado pela entidade com parceiros em vários países. A decisão foi tomada como precaução ante preocupações relacionadas à segurança no uso do medicamento contra a covid-19. “O Grupo Executivo (da OMS) implementou pausa temporária do braço da hidroxicloroquina no Estudo de Solidariedade, enquanto os dados de segurança são revisados pelo Conselho de Monitoramento de Segurança de Dados”, declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Os outros ramos do teste continuam. Essa preocupação está ligada à utilização da hidroxicloroquina e da cloroquina na covid-19. Desejo reiterar que essas drogas são aceitas como geralmente seguras para uso em pacientes com doenças autoimunes ou malária”, acrescentou.

A decisão da OMS foi tomada logo depois da publicação de um estudo, na sexta-feira, na revista médica The Lancet que considerou ineficaz ou até prejudicial o uso de cloroquina e derivados — como a hidroxicloroquina contra a covid-19. Segundo Tedros, a suspensão dos ensaios foi feita no sábado. Em março, a OMS iniciou ensaios clínicos sobre os efeitos da hidroxicloroquina, chamados “Solidariedade”, a fim de encontrar um tratamento eficaz contra os sintomas provocados pela infecção do novo coronavírus. O diretor-geral garantiu que a OMS “continua a atuar agressivamente em pesquisa e tratamento” contra a doença. Tedros explicou que “mais de 400 hospitais em 35 países recrutam, ativamente, pacientes; cerca de 3.500 foram recrutados em 17 países”.

De acordo com o grande estudo publicado pela revista The Lancet, realizado com quase 15 mil pacientes, nem a cloroquina nem seu derivado da hidroxicloroquina são eficazes contra a covid-19 em pacientes hospitalizados. A pesquisa concluiu, inclusive, que essas moléculas potencializam o risco de morte e arritmia cardíaca. Os testes serão suspensos até que os “dados” coletados pelos testes Solidaridade sejam “analisados”, disse Tedros.  Soumya Swaminathan, chefe do Departamento de Ciências da OMS, enfatizou a “incerteza” em torno do uso da hidroxicloroquina. Ela comentou que um novo posicionamento sobre o medicamento deve vir a público “dentro de uma ou até duas semanas”.

Depois de um pequeno estudo chinês pouco detalhado, que alegou a eficácia do fosfato de cloroquina no tratamento de pacientes com Sars-CoV-2, a cloroquina ganhou destaque. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confessou consumir a medicação para prevenir a covid-19.



Brasil

No último dia 20, o Ministério da Saúde ampliou a recomendação do uso de cloroquina e de hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves do novo coronavírus, respondendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro, apesar da falta de evidências conclusivas sobre sua eficácia. A prescrição do medicamento será “a critério do médico” e com a autorização do paciente, conforme o protocolo divulgado pelo ministério. “Apesar de serem medicamentos usados em vários protocolos e terem demonstrado atividade in vitro contra o coronavírus”, ainda não existem análises clínicas robustas “que provem o benefício inequívoco” no tratamento dos pacientes com covid-19 e, portanto, cada médico deverá avaliar sua prescrição, ressaltou o ministério da Saúde.

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