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Reprovação: popularidade de Boris Johnson cai após escândalo Cummings

Com a crise, o índice de popularidade de Boris Johnson sofreu a maior queda em uma década para um primeiro-ministro conservador, indica uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (27/5)

Correio Braziliense
postado em 27/05/2020 11:46
Nesta foto de arquivo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson (D), e seu assessor especial Dominic Cummings partem da parte traseira de Downing Street, no centro de Londres, em 3 de setembro de 2019, antes de seguir para as Casas do Parlamento.O primeiro-ministro britânico Boris Johnson registra uma queda expressiva de sua popularidade, o que demonstra que sua defesa de um imprescindível e polêmico assessor acusado de infringir as regras do confinamento provoca indignação não apenas de seu partido, mas também entre a opinião pública.

O Reino Unido é o segundo país do mundo mais afetado pelo coronavírus, com 37 mil mortes confirmadas - 46 mil somando os casos suspeitos -, mas há cinco dias a imprensa britânica fala apenas do polêmico Dominic Cummings.

Cérebro da campanha pelo Brexit no referendo de 2016 e nomeado "assessor especial" do primeiro-ministro quando Johnson chegou a Downing Street, Cummings fez em pleno confinamento alguns deslocamentos de carro que colocaram o governo na defensiva.

No fim de março, ele dirigiu mais de 400 quilômetros de Londres a Durham, nordeste da Inglaterra, com a esposa e o filho de quatro anos. Depois, em abril, foi visto no dia do aniversário da esposa nos turísticos arredores de um castelo medieval situado a 50 km de Durham.

Tudo isto foi revelado na sexta-feira passada, o que provocou o escândalo.

Cummings explicou na segunda-feira que, temendo estar infectado pela covid-19, viajou até a casa de seus pais em Durham porque precisava de pessoas para cuidar do filho.

As viagens estavam proibidas naquele momento e os britânicos ainda não têm autorização para visitar suas famílias.

Cummings, que recebeu o apoio de Johnson, não disse que se arrependeu nem pediu desculpas. Ele também afirmou que não considera pedir demissão.

Com a crise, o índice de popularidade de Boris Johnson sofreu a maior queda em uma década para um primeiro-ministro conservador, indica uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (27/5).

Enquanto o primeiro-ministro se preparava para dar explicações aos comitês especiais do Parlamento sobre questões relativas ao coronavírus, uma pesquisa do instituto YouGov para o jornal The Times mostra que a vantagem dos conservadores sobre os trabalhistas caiu nove pontos em uma semana.

A pesquisa mostra o apoio de 44% dos entrevistados ao partido de Johnson, quatro pontos a menos que na semana passada, e de 38% ao Partido Trabalhista, cinco pontos a mais.

O último líder conservador que viu uma queda tão rápida de sua vantagem foi David Cameron durante a campanha para as legislativas de 2010.

Uma pesquisa do jornal Daily Mail mostra ainda que o índice de aprovação de Johnson caiu de 19% para menos de 1% em apenas alguns dias.

A queda do apoio da opinião pública se soma a uma sensação crescente de rebelião interna a respeito da gestão do escândalo de Cummings: quase 40 deputados conservadores exigiram que ele deixe o cargo de "assessor especial" e um secretário de Estado pediu demissão na terça-feira como forma de protesto.

O Executivo defende há vários dias o braço direito do primeiro-ministro. Nesta quarta-feira, o apoio veio do ministro de Governo Local, Robert Jenrick.

"É o momento para que sigamos avançando", declarou à BBC, insistindo que Cummings não infringiu, como é acusado, as regras de confinamento impostas pelo governo em 23 de março.

Mas a opinião pública parece não estar disposta a esquecer o tema, como demonstrou na terça-feira a pergunta de um padre de Brighton, que questionou se o governo cancelaria as multas de todos os britânicos que se deslocaram pelo bem-estar de seus filhos.

"O caso Cummings parece ter um grande peso entre a opinião pública e está afetando o apoio ao governo em geral e ao primeiro-ministro em particular", declarou à AFP Tim Bale, cientista político da Queen Mary University de Londres.

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