Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 04:05
O comunicado do Departamento de Estado norte-americano foi divulgado horas depois de nova onda de repressão a protestos de ativistas pró-democracia em Hong Kong. “Nenhuma pessoa razoável pode afirmar, hoje, que Hong Kong mantenha um alto grau de autonomia da China, dados os fatos no terreno”, afirma o texto, assinado por Mike Pompeo, chefe da diplomacia de Washington. O secretário de Estado classifica de “desastrosa” a decisão de Pequim de impor a legislação de segurança nacional na antiga colônia britânica e denuncia “uma série de ações que atingem fundamentalmente a autonomia e as liberdades de Hong Kong”.
De acordo com Pompeo, “enquanto os Estados Unidos esperavam que Hong Kong livre e próspero seria um modelo para a China autoritária, agora está claro que a China está moldando Hong Kong à sua própria imagem”. A nova lei de segurança nacional proíbe a “traição, a secessão, a sedição e a subversão”. Morador de Hong Kong e sobrevivente do massacre da Praça da Paz Celestial, o assistente social Chang Ching Wa Jonathan, 54 anos, classificou de “estratégico” o momento da declaração de Pompeo. “Ela foi divulgada durante o Congresso Nacional do Povo, um Parlamento de carimbo que serve apenas às ordens do Partido Comunista Chinês (PCC). A lei de segurança nacional deve ser aprovada em questão de horas. A posição do secretário de Estado indica uma dissuasão à agressão da China”, disse ao Correio.
Para Chang Ching, os prognósticos para o território são “muito ruins”. “No entanto, os cidadãos de Hong Kong lutarão com o que puderem. O slogan por aqui é ‘Se nos queimarem, vocês queimarão conosco!’”, contou. Ontem, a polícia do território utilizou gás de pimenta contra centenas de manifestantes que se mobilizaram para criticar um projeto de lei que criminaliza qualquer ofensa ao Hino Nacional chinês. Pelo menos 300 pessoas foram detidas nos bairros Causeway Bay e Central.
A jornalista Rose Tang, também sobrevivente da Praça da Paz Celestial que morou em Hong Kong durante seis anos, disse à reportagem que a cidade nunca teve autonomia. “Antes de 1997, era uma colônia britânica. Depois, tornou-se colônia da China”, ironizou. “Ao propor a nova lei de segurança nacional, o PCC arranca sua máscara de promessa de mais autonomia para Hong Kong, engana o governo do Reino Unido, o próprio povo e o resto do mundo, e mostra que jamais poderá ser um líder mundial e convencer Taiwan à ‘reunificação’, ao violar suas leis e promessas.”
Desde sua devolução à China, em 1997, Hong Kong goza do princípio “um país, dois sistemas”, que teoricamente deverá vigorar até 2047. Por meio dele, a ex-colônia britânica usufrui de direitos ignorados em outras partes da China, como a liberdade de expressão e um Judiciário independente. (RC)
- Medida contra programa iraniano
Os Estados Unidos cancelaram as isenções às sanções contra o Irã, que permitiam atividades nucleares civis no âmbito do acordo internacional de 2015 abandonado pelo presidente Donald Trump. “Hoje, anunciamos o fim das isenções às sanções para todos os projetos nucleares do Irã”, declarou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em nota. Com a medida, os países que mantêm o acordo nuclear com a República Islâmica — Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia — e implicados nestes projetos correm o risco de serem sancionados por Washington.
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