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Boas-vindas na Estação Espacial

Após 19 horas de viagem na cápsula Crew Dragon, astronautas da Nasa juntam-se a colegas na ISS. Missão histórica é a mais perigosa e de nível mais alto já confiada pela agência do governo a uma empresa privada

Correio Braziliense
postado em 01/06/2020 04:30
Hurley e Behnken são recebidos na Estação Espacial Internacional pelo também americano Cassidy e pelos russos Ivanishin e Vagner

Os dois astronautas da cápsula Crew Dragon, da SpaceX, entraram, ontem, na Estação Espacial Internacional (ISS), após um acoplamento bem-sucedido, na primeira vez em quase uma década que uma nave americana tripulada conclui essa manobra.

A escotilha entre as duas naves foi aberta às 17h02 GMT. Pouco depois, os astronautas entraram na ISS, onde se reuniram com os atuais residentes da estação.

Doug Hurley, 53 anos, e Bob Behnkhen, 49, que decolaram da Flórida na véspera, em um foguete Falcon 9, são os primeiros astronautas a chegar à ISS em um veículo de uma empresa privada.

O primeiro contato e o acoplamento da nave espacial com seu objetivo, localizado a 400km da Terra, ocorreu às 11h16 de Brasília, minutos antes do previsto. “A acoplagem está completa”, afirmou um membro da tripulação. Pouco depois, o procedimento foi concluído com uma vedação hermética.

O sucesso da missão, além de um triunfo para a SpaceX, empresa fundada em 2002 por Elon Musk, representa um marco no que a Nasa concebe como uma nova era na exploração espacial, que se apoia em uma colaboração entre a agência e empresas privadas.

Essa missão histórica é a mais perigosa e de nível mais alto já confiada pela Nasa a uma empresa privada. “Foi uma grande honra ser uma pequena parte desse esforço de nove anos, desde a última vez que uma nave espacial dos Estados Unidos atracou na Estação Espacial Internacional”, disse Hurley, que pilotou o ônibus espacial Atlantis em sua última viagem, em 21 de julho de 2011.

Os tripulantes da Crew Dragon foram recebidos na ISS pelo astronauta da Nasa Chris Cassidy e os cosmonautas Anatoly Ivanishin e Ivan Vagner. A estação é um raro exemplo de cooperação internacional que não foi prejudicado pelas tensões dos últimos anos entre Rússia e os países ocidentais.

A Crew Dragon havia passado as 19 horas anteriores viajando a uma velocidade de 28.000km/h, antes de se alinhar ao plano orbital da ISS e de uma desaceleração que lhe permitiu realizar a manobra delicada de acoplamento.

A viagem começou na tarde de sábado, quando a cápsula decolou do Centro Espacial Kennedy, impulsionada por um foguete Falcon 9 de duas estapas, da SpaceX. “Estou realmente muito emocionado”, afirmou Musk. “Foram 18 anos trabalhando com esse objetivo. Provavelmente, esse é o primeiro passo de uma jornada até a civilização em Marte”, apostou o fundador da SpaceX.

Em breve entrevista do espaço, Hurley contou que, para manter a tradição, ele e Behnken batizaram a cápsula em que viajaram de Endeavour, em homenagem ao ônibus espacial desativado que tripularam.

Fim do monopólio


A missão, chamada Demo-2, põe fim ao monopólio governamental das viagens espaciais e, como teste final, permite à Nasa certificar a cápsula para realizar missões tripuladas regulares.

Em discurso no Centro Espacial Kennedy, após o lançamento da cápsula, o presidente Donald Trump enalteceu o feito. “Agora, uma nova era de ambição americana começou”, comemorou o republicano.

A missão da Crew Dragon transcorre em meio à pandemia do novo coronavírus e a uma explosão de violência em várias cidades americanas devido à morte de um homem negro pela polícia na cidade de Minneapolis, em Minnesota.

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