Correio Braziliense
postado em 02/06/2020 04:06
Para realizar a maior expedição científica da história no Ártico, um grupo internacional de cientista estava preparado para não titubear diante de mais de 10 imprevistos. Havia um protocolo até para reagir a ataques de ursos polares. A pandemia da covid-19, porém, mudou os planos da equipe da Mosaic, cujo objetivo é estudar as consequências da mudança climática no polo norte e os impactos delas no resto do mundo.
Durante três meses, a bordo do quebra-gelo Polarstern, quase 100 pesquisadores navegaram entre os icebergs, colhendo informações sobre a atmosfera, o oceano, o mar de gelos e o ecossistema em geral. No fim de fevereiro, a embarcação estava a 156 quilômetros do polo — nunca um navio havia chegado tão ao norte no inverno. Agora, com dois meses de atraso, a equipe desembarcará no arquipélago norueguês de Svalbard para dar lugar a outra centena de colegas, incluindo o comandante da missão, Markus Rex.
“Tivemos que implementar um novo plano muito rapidamente após o surgimento da pandemia”, disse Markus Rex à agência France-Presse de notícias (AFP). O climatologista e físico esteve no Polarstern de setembro, quando foi iniciada a expedição, a janeiro, quando embarcou o atual grupo. A Mosaic é conduzida por 600 especialistas e cientistas, que trabalham em esquema de rodízio. O Polarstern segue pela deriva polar, a corrente oceânica que vai do leste ao oeste no Oceano Ártico.
Inicialmente, uma nova equipe deveria embarcar no quebra-gelo no início de abril, em uma viagem de avião a partir de Svalbard. A disseminação do novo coronavírus e o fechamento das fronteiras dificultaram o rodízio. Os líderes da missão decidiram interromper as atividades durante algumas semanas e transportar os cientistas de 10 países, assim como os mantimentos e combustíveis, de barco até Spitzberg, a principal ilha de Svalbard. “A segunda grande dificuldade que tivemos foi garantir que o vírus não se propagasse entre os membros da expedição”, contou Markus Rex.
Quarentena
A equipe que embarcará no quebra-gelo foi submetido a uma quarentena de 14 dias, em hotéis de Bremerhaven, na Alemanha. “As portas (dos quartos) não eram abertas, não houve nenhum contato com pessoas externas (...). As refeições eram levadas à porta dos quartos”, detalhou Markus Rex. Todos foram submetidos a três testes de detecção do novo coronavírus.
Apesar dos contratempos, não está prevista uma mudança no cronograma da expedição, que deve ser encerrada em 12 de outubro — o primeiro grupo zarpou da Noruega em setembro. O Polarstern já passou 150 dias de noite polar com temperaturas de até 39,5 graus negativos, e a equipe acredita que os obstáculos sofridos não devem ter um impacto maior para as pesquisas.
600
especialistas e cientistas participam da missão histórica, com início em setembro e encerramento previsto para 12 de outubro
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