Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 04:14
Um teste genético — ou seja, com acurácia semelhante à do padrão ouro, o PCR — que fica pronto em 10 minutos. E que, além disso, dispensa o uso de técnicas laboratoriais avançadas, reduzindo não só o tempo, mas o custo. Foi o que conseguiram cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, em um exame experimental, descrito na revista de nanotecnologia da Sociedade Norte-Americana de Química.
O teste detecta visualmente a presença do vírus — e não apenas dos anticorpos, como os sorológicos — em menos tempo que os mais rápidos disponíveis hoje, e que têm a desvantagem de não fazerem o diagnóstico da doença, mas apenas indicar se houve contato com o patógeno. Diferentemente do PCR e de outros métodos de análise genômica, não é preciso converter o RNA viral em DNA e, em seguida, amplificá-lo. Basta expor a amostra a uma solução com nanopartículas de ouro plasmônico. Se o Sars-CoV-2 estiver presente, a substância muda de cor.
O teste é feito com amostra coletada do nariz ou da saliva. Um processo que leva cerca de 10 minutos extrai o material genético do vírus, comprovando a sua presença. Para isso, entra em ação uma molécula altamente específica que, conectada às nanopartículas de ouro, consegue identificar uma proteína que existe apenas no Sars-CoV-2. O exame permite visualizar o patógeno porque, quando a molécula se liga ao RNA viral, as nanopartículas de ouro transformam a cor do reagente de roxo para azul.
Acessível
“A precisão de qualquer teste para a covid-19 depende da capacidade de detectar o vírus com segurança. Ou seja, não fornecer um resultado falso negativo se o vírus realmente estiver presente, nem um resultado falso positivo se ele não estiver lá”, diz o líder do estudo, Dipanjan Pan, professor de radiologia diagnóstica da instituição. “Muitos dos testes de diagnóstico disponíveis no mercado não conseguem detectar o vírus até vários dias após a infecção. Por esse motivo, eles têm uma taxa significativa de resultados falso negativo”, diz. Embora admita que sejam necessários mais estudos, o cientista acredita que o novo exame seja capaz de identificar o Sars-CoV-2 no primeiro dia de contágio.
Pan ressalta que o teste poderá ser mais barato tanto para produção quanto no processamento do resultado. “Ele não requer equipamento de laboratório ou pessoal treinado para ser executado e analisado”, diz. Segundo o pesquisador, se o novo método teste atender às expectativas da Food and Drug Administration (FDA), poderá ser usado em creches, lares de idosos, campus universitários e locais de trabalho, para monitorar as infecções.
Oxford testará vacina em 10 mil
A Universidade de Oxford, no Reino Unido, começa, nesta semana, a terceira fase dos testes clínicos de uma vacina contra a covid-19. Ao menos 10 mil pessoas serão imunizadas nessa etapa, que tem o objetivo de averiguar a eficácia da abordagem. O grupo de cientistas gastou dois meses entre a primeira fase clínica e a atual. Um dos motivos do período curto é que a vacina tem como base estudos feitos para o combate da Sars e da Mers, doenças também causadas por coronavírus. Por isso, a segurança da substância já havia sido parcialmente testada. A fórmula tem um vírus atenuado da gripe comum de macacos e um material genético semelhante ao da proteína que ajuda o Sars-CoV-2 a infectar o corpo humano. A equipe acredita que, entre dois a seis meses, saberá se a abordagem é eficaz.
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