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Itália reabre fronteiras e vírus não dá trégua na América Latina

Itália e o restante da Europa prosseguem com a flexibilização das restrições, após a redução do número de mortes e de contágios

Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 09:09
Os viajantes se abraçam no aeroporto de Fiumicino, em Roma, em 3 de junho de 2020, quando aeroportos e fronteiras reabrem para turistas e residentes livres para viajar pelo país, dentro da infecção por covid-19, causada pelo novo coronavírus.Com a esperança de reativar o setor do turismo, vital para sua economia, a Itália reabriu suas fronteiras aos europeus nesta quarta-feira (3/6), uma etapa crucial na volta à normalidade depois que o país foi atingido com força pela pandemia de coronavírus, que continua avançando na América Latina, especialmente no Brasil.

Itália e o restante da Europa prosseguem com a flexibilização das restrições, após a redução do número de mortes e de contágios. Mas o vírus, que foi detectado pela primeira vez em dezembro na China, provoca muitos danos em uma América Latina mal preparada, atual epicentro da pandemia, que provocou mais de 6,3 milhões de casos e 380 mil mortes em todo planeta.

Epicentro da pandemia na Europa e onde morreram quase 33.500 pessoas vítimas da covid-19, a Itália também passa a permitir a seus cidadãos o livre deslocamento entre regiões, a partir desta quarta-feira. Os voos internacionais foram retomados em pelo menos três cidades importantes: Roma, Milão e Nápoles.

"O país está voltando à vida", afirmou o ministro de Assuntos Regionais, Francesco Boccia.

Desde segunda-feira, o Coliseu de Roma e os museus do Vaticano recebem visitantes, mas as fronteiras fora da União Europeia continuam fechadas, um tema que ainda é debatido pelos governos.

"Esperamos ver algum movimento a partir de hoje. Não temos turistas estrangeiros, mas estamos cautelosamente otimistas", disse Alessandra Conti, recepcionista do hotel Albergo del Senato, próximo ao Panteão em Roma.

Itália, França, Espanha e outros países europeus tentam salvar uma parte da temporada turística de verão, ao menos com seus cidadãos e em escala continental.

A Alemanha decidiu nesta quarta-feira suspender, a partir de 15 de junho, as restrições para as viagens turísticas na Europa.

Com quase 28 mil mortos, a Espanha suspenderá a quarentena para os estrangeiros em 1o de julho, e o Reino Unido, o país mais afetado da Europa com quase 40 mil mortes, planeja receber turistas de alguns países considerados seguros. Além disso, o aeroporto London City, próximo de um dos principais distritos financeiros da capital britânica, anunciou que retomará os voos comerciais no fim de junho.

Na França, onde o vírus provocou quase 30 mil mortes, cafés e restaurantes já reabriram as portas, e as pessoas estão autorizadas a viajar para qualquer ponto do país.

A Áustria anunciou que vai interromper o controle sistemático das fronteiras terrestres, com exceção das compartilhadas com a Itália, três meses depois de restringir a liberdade de movimento.

"A partir de amanhã (quinta-feira), os controles serão pontuais e não mais sistemáticos", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg.

Ele explicou que as restrições prosseguem com a Itália, devido ao número de contágios registrados neste país.

"Gasolina no fogo"
 
Ao contrário da Europa, a situação é muito preocupante na América Latina, onde foram registrados mais de um milhão de casos e quase 52 mil mortes.

Nos próximos dias, o Brasil pode superar a Itália em número de vítimas fatais. O país tem quase 555 mil casos registrados e mais de 31 mil óbitos.

Apesar dos números, em algumas cidades do interior de São Paulo, centros comerciais, shopping centers, escritórios, imobiliárias e concessionárias reabriram as portas, ainda que com medidas de proteção.

O Rio de Janeiro também entrou na fase inicial de desconfinamento, e vários surfistas e nadadores retornaram ao mar nas praias de Copacabana e Ipanema. 

As medidas de quarentena, ou de flexibilização do confinamento, são de competência de estados e municípios, para irritação do presidente Jair Bolsonaro, que deseja o fim de todas as restrições.

"Na situação atual, ainda não é o momento. Você vai estar jogando gasolina no fogo", disse à AFP Rafael Galliez, infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Outros países latino-americanos também muito afetados pela pandemia, como México, Peru e Equador, anunciaram medidas para o desconfinamento.

Nos Estados Unidos, especialistas temem que a onda de protestos iniciada após a morte de um cidadão negro por um policial branco provoque um aumento do número de contágios.

O país é o mais afetado do mundo em termos absolutos, com 106.180 vítimas fatais e 1.831.435 casos de covid-19, segundo um balanço da Universidade de Baltimore. 

Futuro econômico sombrio
 
Em outras regiões do mundo, a Rússia também avança para a normalidade e já convocou um referendo constitucional para 1o de julho, apesar dos temores de uma segunda onda de infecção. O Irã, por exemplo, registra um novo pico da pandemia.

O Banco Mundial afirmou que a economia enfrenta perdas "abissais", e a recuperação será prejudicada pela escassez de recursos. A recessão global levará 60 milhões de pessoas à pobreza extrema.

Na América Latina, a pandemia de covid-19 agravou a tendência de queda das exportações que era observada desde o ano passado, afirma um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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