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Depois da Itália, Suécia, elogiada por Bolsonaro, admite erro na pandemia

País, que optou por não adotar o isolamento social para conter o coronavírus, chegou a ter a maior taxa de mortalidade per capita do mundo

Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 15:38

O epidemiologista estadual Anders Tegnell (E) da Agência de Saúde Pública da Suécia durante entrevista coletivaO epidemiologista-chefe da Agência de Saúde Pública da Suécia, Anders Tegnell, responsável pela estratégia de combate ao novo coronavírus no país, reconheceu que deveria ter tomado medidas mais duras no enfrentamento à pandemia. Entre os dias 26 de maio e 2 de junho, a Suécia, que optou por não fechar o comércio e não impedir a circulação de pessoas, chegou a alcançar a maior taxa de mortalidade per capita do mundo, segundo números de contagem do site ourworldindata.org. O país europeu foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro, que é contrário às medidas de isolamento social, como exemplo no combate à covid-19.


“Sim, acho que há potencial de melhoria no que fizemos na Suécia, com bastante clareza. E seria bom saber com mais precisão o que desligar para evitar a propagação da infecção”, afirmou Tegnell, em entrevista a rádio SverigesRadio.

Segundo o epidemiologista sueco, a estratégia escolhida pelo país limitaria a propagação do vírus, enquanto protegia os grupos de risco. “A estratégia nos permitiu ter uma sociedade mais aberta. Mas também causou a disseminação da infecção na sociedade, embora em um nível mais baixo, e mesmo com a queda das mortes, quase 50 pessoas ainda morrem na Suécia por dia. E, no total, mais de 4 mil pessoas morreram na Suécia após serem infectadas pelo novo coronavírus."

Ele ainda não sabe quais medidas exatas a Suécia deveria ter adotado, no entanto ainda não concorda com o fechamento total realizado por muitos países. “Todos os outros países começaram com muitas coisas ao mesmo tempo, e o problema disso é que você realmente não sabe qual das medidas que você tomou tem o melhor efeito. Com outros países diminuindo gradualmente suas restrições, agora é possível ver quais deles foram mais eficazes e também poderiam ser aplicáveis à Suécia”, pontuou.

Hoje, a Suécia apresenta 40.803 casos confirmados de covid-19, com 4.971 recuperados, e um total de 4.542 mortes. O país tem pouco mais de 10 milhões de habitantes. 

Arrependimento tardio

Milão, uma das cidades mais afetadas da Itália, também se arrependeu da estratégia usada no início da pandemia, e, após um elevado número de mortes, impôs um bloqueio total de circulação — o chamado lockdown. 

Um mês após campanha para não parar e contabilizar 4.400 mortos, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, pediu desculpas a população e reconheceu que errou ao apoiar a campanha "Milão não para", que estimulou os moradores da cidade a continuarem as atividades econômicas e sociais, mesmo com a pandemia do novo coronavírus.  
 
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão 

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