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EUA e Irã trocam prisioneiros

República Islâmica indica que a libertação de ex-oficial da Marinha americana foi uma contrapartida à soltura de um cientista, o segundo em apenas dois dias. Pouco antes, porém, Washington havia negado a existência de negociações

Correio Braziliense
postado em 05/06/2020 04:15
Sirous Asgari desembarca, na quarta-feira, na capital iraniana, após passar três anos preso nos Estados Unidos

Mesmo em meio a uma grave crise diplomática e militar, os Estados Unidos e o Irã acertaram a troca de prisioneiros entre os dois países. O acerto foi admitido, embora não explicitamente, por Teerã e envolveu o cientista  Majid Taheri e o ex-oficial da Marinha americana Michael White. A chancelaria iraniana anunciou que ambos haviam sido libertados “ao mesmo tempo”.

Na quarta-feira, outro cientista iraniano, Cyrus Asgari, foi solto e retornou à República Islâmica após três anos de detenção nos Estados Unidos. Ao citar, ontem, a libertação de Majid Taheri, Abas Musavi, porta-voz da chancelaria iraniana, destacou que ele havia sido detido “por razões falsas”.

“Contente porque o doutor Majid Taheri e White encontrarão suas famílias novamente”, manifestou-se o chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, em um tuíte, logo após a declaração de Musavi.  “O professor Cyrus Asgari voltou a ser feliz com sua família na quarta-feira. Isso pode acontecer a todos os prisioneiros, inútil selecionar”, acrescentou.

Em várias ocasiões, Teerã ofereceu uma troca global de prisioneiros com Washington. Antes das postagens de Zarif, os EUA haviam negado a existência de negociações para trocar White por outro detento.

O Irã permitiu a saída do país do militar reformado americano Michael White, que retornava aos Estados Unidos nesta quinta-feira, após a chegada a Teerã de um cientista iraniano libertado por Washington. As suspeitas sobre um eventual acerto ganharam força após um tuíte do presidente Donald Trump.

“Fico feliz em anunciar que o veterano da Marinha Michael White, preso por 683 dias no Irã, encontra-se em um avião suíço que acaba de deixar o espaço aéreo iraniano”, celebrou o chefe da Casa Branca. “Esperamos que, muito em breve, ele esteja em casa com sua família nos Estados Unidos”, complementou, agradecendo à Suíça pela “ajuda formidável”.

Insulto ao aiatolá


Michael White, que serviu por 13 anos na Marinha americana, foi preso em julho de 2018, na cidade de Mashhad, após visitar uma mulher que conheceu pela internet. No ano seguinte, foi condenado a 10 anos de prisão, sob a acusação de ter insultado o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, e de ter feito comentários contra o regime nas redes sociais, usando um pseudônimo.

Há três meses, em meio à pandemia do novo coronavírus, White foi colocado sob custódia da Suíça, que administra os interesses de Washington em Teerã devido à ausência de relações diplomáticas entre os dois países. Mas não foi autorizado a deixar o Irã.

Em dezembro do ano passado, a Suíça intermediou uma troca de prisioneiros entre os dois países.  A libertação de presos costuma ser vista como uma forma de acalmar tensões diplomáticas.

As relações entre os dois países se elevaram depois que Trump abandonou o acordo nuclear assinado entre grandes potências e Teerã. O conflito atingiu o ápice em janeiro, após o assassinato do poderoso general iraniano Qassem Soleimani durante um bombardeio americano em Bagdá.

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