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Morte de jovem nas mãos da polícia deflagra protesto e confrontos no México

Dezenas de pessoas foram às ruas para exigir justiça no caso de Giovanni López, que havia sido preso por supostamente descumprir as medidas para evitar infecções por covid-19

Correio Braziliense
postado em 05/06/2020 08:54
Manifestantes queimam veículos da polícia durante um protesto após a morte de um jovem sob custódia policial, depois de ele ter sido preso por não cumprir as medidas para impedir a propagação do coronavírus covid-19, em Guadalajara, estado de Jalisco, México.Um protesto pela morte de um jovem que estava sob custódia da polícia degenerou em tumultos na quinta-feira (4/6) e deixou um policial ferido por queimaduras na cidade mexicana de Guadalajara, onde o homem havia sido preso por supostamente descumprir as medidas para evitar infecções por covid-19.

Dezenas de pessoas foram às ruas para exigir justiça no caso de Giovanni López, de 30 anos, morto no início de maio na cidade de Ixtlahuacán (estado de Jalisco, oeste). Seus parentes denunciaram o caso apenas esta semana.

O protesto ficou violento quando homens encapuzados picharam prédios, atearam fogo em um policial, incendiaram duas patrulhas e causaram danos ao prédio do governo estadual. Na sequência, foram dispersados pela polícia, que confirmou a detenção de 27 pessoas.

"Uma manifestação legítima e uma reivindicação justa, invadida por interesses de outra natureza (...) O que vimos foi um ato de violência que nunca vimos em nossa cidade", declarou o governador de Jalisco, Enrique Alfaro, em um vídeo transmitido quinta-feira à noite.

O Ministério Público informou que investiga a morte de López, que, segundo este órgão, teria sido detido pela polícia municipal por "má conduta administrativa", e não porque não usava máscara.

O organismo acrescentou que o homem morreu por golpes infligidos pela polícia municipal, e não por ferimentos com arma de fogo.

"Ele foi preso por má conduta administrativa, porque foi agressivo contra a autoridade sob a influência de alguma substância", disse o coordenador-geral de Segurança de Jalisco, Macedonio Tamez, em entrevista coletiva.

O governador Enrique Alfaro garantiu que os culpados serão punidos.

Ontem, o premiado cineasta mexicano Guillermo del Toro expressou sua indignação pela morte de Giovanni López.

"Por mais de um mês, não há respostas, não há detenções. Não é abuso de autoridade (...) É sem sentido - a loucura absoluta - é que ocorra um assassinato em nome de um assunto de saúde pública", escreveu Del Toro na sua conta do Twitter.

O vencedor do Oscar em 2018 por "A forma da água" já havia criticado o governo de Jalisco, seu estado natal, em abril, por supostos abusos cometidos pela autoridade policial contra cidadãos sob o pretexto de não usarem máscaras para impedir a propagação da covid 19.

Um vídeo gravado por um irmão do falecido, transmitido nas redes sociais, mostra a prisão de López. Na gravação, uma mulher questiona se o motivo é porque ela não estava usando uma máscara. 

A família informou que o prefeito local, Eduardo Cervantes, ofereceu-lhes 200 mil pesos (cerca de R$ 45 mil) para que não compartilhassem o vídeo, o que ele negou.

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos no México condenou a morte de López e expressou preocupação com as alegações de que o óbito ocorreu "no contexto da implementação de medidas (...) para a pandemia".

Já a a Subsecretaria de Direitos Humanos, População e Migração, do Ministério do Interior, afirmou que já solicitou informações das pastas de investigação, "devido ao provável uso excessivo da força pública no caso".

Com 120 milhões de habitantes, o México registra 105.680 casos confirmados de coronavírus e 12.545 mortes. 

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