Mundo

Praga expulsa dois diplomatas russos por boato de envenenamento

O caso estremeceu as relações, já tensas, entre Praga e o Kremlin, que denunciou uma campanha de "desinformação" e "fantasias doentias"

Correio Braziliense
postado em 05/06/2020 11:26
O primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, usa uma máscara facial enquanto faz uma declaração.A República Tcheca anunciou nesta sexta-feira (5/6) que expulsou dois diplomatas russos, depois de determinar que um funcionário da embaixada russa espalhou o boato de um plano de envenenamento de políticos tchecos.

"Um funcionário da embaixada enviou informações deliberadamente fabricadas sobre um ataque planejado contra políticos tchecos pelo BIS [serviço de Inteligência]", informou o primeiro-ministro Andrej Babis a repórteres.

"Tomamos as medidas apropriadas e adequadas e declaramos dois membros da equipe da embaixada non gratae", acrescentou, sem revelar suas funções e identidades.

Em abril, o semanário tcheco "Respekt" citou fontes da Inteligência, indicando que um cidadão russo que usava passaporte diplomático havia chegado recentemente a Praga com ricina, uma poderosa toxina.

Já Dmitry Peskov, porta-voz de Vladimir Putin, considerou a informação veiculada pelo "Respekt" como "desinformação".

Na época da publicação do artigo na Respekt, três políticos de Praga - o prefeito de Praga Zdenek Hrib; o prefeito do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar; e o prefeito do distrito Praga-Reporyje, Pavel Novotny - estavam sob proteção polícia por terem, segundo a mídia, irritado a Rússia.

Kolar ordenou em abril a retirada de uma estátua da era comunista dedicada ao general Ivan Konev. Ele liderou as tropas do Exército Vermelho que libertaram Praga dos nazistas em 1945, mas também era visto como um símbolo da opressão soviética por muitos tchecos.

Já Hrib apoiou a mudança do nome da praça em Praga onde fica a embaixada russa, para a do líder da oposição russa Boris Nemtsov, assassinado em 2015.

Finalmente, o distrito de Novotny instalou um memorial dedicado ao Exército do general Andreï Vlassov, composto por soldados soviéticos que, presos, lutaram ao lado dos alemães antes de se voltarem contra eles nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial e ajudar a libertar Praga em maio de 1945.

O caso estremeceu as relações, já tensas, entre Praga e o Kremlin, que denunciou uma campanha de "desinformação" e "fantasias doentias".

Nesta sexta-feira, Babis citou fontes da Inteligência, dizendo que a falsa ameaça de envenenamento foi o resultado de conflitos internos na embaixada russa. 

O funcionário da embaixada russa "causou novas complicações nas relações tcheco-russas e prejudicou a boa reputação da Federação Russa na República Tcheca", frisou o primeiro-ministro.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags