Correio Braziliense
postado em 06/06/2020 14:45
Paris, França - A América Latina luta contra o feroz avanço da pandemia de coronavírus, que atinge o Brasil em particular, cujo presidente Jair Bolsonaro ameaçou retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS) por agir com "viés ideológico". O número de casos de contágio de covid-19 no mundo chega a 6,7 milhões de pessoas, e o total de óbitos é de 395.500 desde o início da pandemia na cidade de Wuhan, no centro da China, em dezembro passado.Há algumas semanas, o epicentro do novo coronavírus se encontra na América Latina, com mais de 1,2 milhão de casos e mais de 60.000 falecimentos. Mais da metade das mortes é no Brasil, com cerca de 645.000 casos e 35.000 mortes. Por enquanto, Bolsonaro se recusou a aplicar medidas de confinamento em nível nacional e enfrentou os governadores e prefeitos que optaram por essa política.
Em sintonia com essa postura de confronto e seguindo os passos do presidente americano, Donald Trump, Bolsonaro ameaçou, na sexta-feira (5), retirar o Brasil da OMS. "E adianto aqui, os Estados Unidos saíram da OMS, e a gente estuda, no futuro: ou a OMS trabalha sem viés ideológico, ou vamos estar fora também. Não precisamos de ninguém de lá de fora para dar palpite na saúde aqui dentro", disse ele à imprensa, em Brasília.
Desde quinta-feira, o país é o terceiro com mais mortes. Sua situação sanitária ameaça seus vizinhos, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. É uma "bomba-relógio", de acordo com um médico especialista em doenças infecciosas no Paraguai, na fronteira com o Brasil.
Com 127 milhões de habitantes, o México registra 13.170 mortes e 110.026 casos positivos, conforme o último balanço de sexta-feira. O pico de disseminação e de mortalidade não impediu o governo de iniciar a reabertura econômica e social do país. O Peru, o segundo território da região em número de casos (187.400) e o terceiro em óbitos (5.162), tem um sistema de saúde à beira do colapso para as mais de 9.000 pessoas hospitalizadas, além de sofrer uma dramática escassez de oxigênio para pacientes gravemente doentes.
Prado e Versalhes reabrem
O contraste com a situação na Europa, onde o coronavírus fez estragos entre o final de fevereiro e o início de maio, em especial, não poderia ser maior. Neste sábado (6), joias históricas e culturais do Velho Continente, como o Museu do Prado, em Madri, ou o Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, reabriram suas portas.
Um mês antes do que o Louvre, em Paris, o Prado começou a receber visitantes em paralelo a outros dois grandes museus da capital espanhola - Reina Sofía e Thyssen. A Espanha, que registrou mais de 27.000 óbitos até o momento, segue na segunda-feira com seu cauteloso desconfinamento por fases, com Madri e Barcelona entrando na segunda e penúltima etapa. Nela, é autorizada a reabertura das praias para banho recreativo e liberado o interior dos restaurantes.
Com mais de 29.000 mortes, a França declarou ontem que a situação está "controlada", uma vez que o vírus agora circula em "baixa velocidade", segundo o presidente do conselho científico que assessora o governo, Jean-François Delfraiss. No Reino Unido, onde também está sendo aplicada uma suspensão progressiva das restrições, o número de óbitos por covid-19 passou de 40.000 na sexta-feira.
No continente africano, os parques nacionais da África do Sul anunciaram, neste sábado, que vão reabrir a partir de segunda-feira. Ficaram mais de dois meses fechados por causa da pandemia. Muito apreciados pelos fãs de safáris, estes parques, entre eles o Kruger (nordeste), serão acessíveis, no início e por razões sanitárias, apenas para visitas de carro. Excursões, hotéis e espaços para acampamento situados nos parques serão reabertos somente mais à frente.
Reunião da OPEP
Nos Estados Unidos, o mercado de ações encerrou a semana com euforia, registrando uma alta de 3,15% em Wall Street. O movimento foi estimulado pelo anúncio da inesperada queda na taxa de desemprego, em maio, nos Estados Unidos. Para os especialistas, é um sinal de que a economia está se recuperando mais rápido do que o esperado.
Isso levou o presidente Donald Trump a declarar que seu país "superou em grande parte" a crise do novo coronavírus. Com 109.000 mortes e 1,9 milhão de casos registrados oficialmente, os EUA são, de longe, o país mais afetado do mundo pela COVID-19.
Saiba Mais
Após um acordo alcançado em 12 de abril, os países-membros da OPEP e seus aliados decidiram retirar do mercado, de 1º de maio até final de junho, 9,7 milhões de barris por dia (mbd), ou seja, cerca de 10% da oferta mundial antes da crise. O objetivo é conter a queda na demanda.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.